sexta-feira, 11 de julho de 2008

Alimentos que dão vida

Dietética chinesa e nutraceuticos: obeservação e pesquisa

Por Eduardo Aragão

As pesquisas em torno do novo conceito de nutrição, segundo o qual é delegado aos alimentos a contribuição para a melhora na saúde das pessoas, vêm tomando dimensões cada vez maiores. Se antes a ciência dos alimentos dava-se por satisfeita em apontar este ou aquele alimento por trazer danos ou benefícios à saúde, agora os estudos mostram-se bem mais avançados, já que, mais do que nutrir, alguns alimentos podem agir não só na prevenção, mas também no tratamento de doenças.
Do assunto, decorre a confusão feita entre dietética chinesa e nutraceuticos. Embora o estopim dos estudos da comunidade científica sobre o assunto tenha se dado apenas recentemente, os chineses vêm catalogando os alimentos há pelo menos 4000 anos.
Especialista em dietética chinesa, Dr. João Curvo explica que a diferença básica entre uma especialidade e outra se dá através da metodologia utilizada, sendo a dietética guiada pela percepção. "Há milênios os sábios que observavam a natureza concluíam pelo que viam e percebiam. Hoje utilizamos, por exemplo, fórmulas complexas em avaliações antropométricas para responder se uma pessoa é gorda ou magra. Desprezamos o que vemos e podemos palpar", explica.
Pela dietética chinesa, dependendo da cor e do sabor, o alimento poderá ter uma função diferenciada na prevenção de doenças. Ao comer alimentos dos cinco grupos de cores (verde, amarelo, vermelho, branco e escuro) e dos cinco sabores (ácido, amargo, doce, picante e salgado) mantém-se as condições para um equilíbrio que afaste o risco que um indivíduo tem de adoecer. "A dietética energética surgiu da escuta dos alimentos. Sabores, naturezas e cores dos alimentos, bem como suas direções a órgãos ou meridianos eram observados na hora da prescrição", observa Dr. João.
Na outra ponta encontram-se os nutraceuticos ou alimentos funcionais, que se baseiam nos princípios ativos isolados dos alimentos. A nutricionista Dra. Luciana Ayer esclarece que a função terapêutica contida nas substâncias de determinados alimentos são observados a partir de estudos dos hábitos da população. "A partir dos estudos epidemiológicos, podemos constatar, por exemplo, o porquê da baixa incidência de câncer de mama na mulheres orientais. Descobriu-se que era devido à soja consumida desde cedo por elas", exemplifica.
Há, porém, mais convergências do que se supõe. A dietoterapia chinesa e a nutrologia atual indicam na anemia, por exemplo, os mesmos alimentos (carnes, feijões, folhas verdes escuras, etc.), baseados em princípios diferentes. Dra. Luciana Ayer diz que as próprias cores muito valorizadas pela Dietética Chinesa nada mais são do que uma variedade de nutraceuticos presentes nos alimentos que conferem tais cores. "Pigmentos tipo carotenóides, o vermelho do tomate, da melancia e da goiaba (licopeno), o laranja da cenoura (betacaroteno) são alguns exemplos", afirma. A arnica e a espinheira santa são utilizadas há séculos - respectivamente como antiiflamatório e na cura de gastrites e úlceras, mas só ganharam o aval científico com evidencias de seus princípios ativos e ação orgânica

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