quarta-feira, 16 de julho de 2008

PSICOLOGIA HUMANISTA

Com o propósito de uma apresentação da teoria Humanista de Carl Rogers,
foram levantados alguns pontos divergentes e convergentes com as teorias
de Skinner e Freud, e com isso pode-se perceber com mais clareza, o
quanto estes três teóricos trouxeram contribuições significativas para a
Psicologia. Segundo Milhollan e Forisha (1978), o Humanismo tem sua base
na Filosofia, ciência “mãe” da Psicologia, é uma doutrina ou atitude que
se situa expressamente numa perspectiva antropocêntrica, em domínios e
níveis diversos, assumindo com maior ou menor radicalismo as
conseqüências daí decorrentes, manifestando-se o Humanismo nos domínios
da lógica e da ética. No aspecto lógico aplica-se às doutrinas que
afirmam que a verdade ou a falsidade de um conhecimento se definem em
função da sua fecundidade e eficácia relativamente à ação humana; no
aspecto ético, aplica-se àquelas doutrinas que afirmam ser o homem o
criador dos valores morais, que se definem à partir das exigências
concretas, psicológicas, históricas, econômicas e sociais que
condicionam a vida humana. Essa capacidade do homem é que o torna capaz
de modificar seu auto-conceito, suas atitudes e seu comportamento auto
dirigido e que para mobilizar esses recursos basta proporcionar um clima
de atitudes psicológicas facilitadoras, passíveis de definição. Dessa
forma ele tira o “poder” das mãos do terapeuta o coloca nas mãos do
próprio cliente (Rogers, 1977). Para compreendermos melhor como se dá
esse processo, buscou-se descobrir o nível de distanciamento e
aproximação existente entre os três grandes ramos da Psicologia: a
Psicanálise, o Behaviorismo e o Humanismo.


Abordagem Centrada na Pessoa:


Rogers (1977, pg. 31), firmou-se em seis passos para fundamentar essa
abordagem:


Em primeiro lugar, devido a experiências difíceis e frustrantes vividas
por Rogers, na utilização das técnicas usuais na época, ele mudou sua
forma de atendimento, passando a apenas ouvir de maneira compreensiva o
cliente tentando transmitir-lhe esta compreensão, o que ele considerou
ser uma força poderosa na mudança terapêutica da pessoa.
*


Em segundo lugar, ele percebeu que a atenção empática constituía uma das
janelas menos nubladas de acesso ao funcionamento do psiquismo humano,
em todo o seu complexo mistério.
*


Em terceiro lugar, a partir das observações faz-se inferências simples e
formulação de hipóteses testáveis.
*


Em quarto lugar, testando tais hipóteses houve descobertas sobre as
pessoas e as relações interpessoais, cujos dados e teorias levantados,
mudavam à medida que surgiam novas descobertas, num processo dinâmico
que continua até este exato e preciso momento.
*


Em quinto lugar, Roger descobriu que os aspectos básicos que propicia
mudanças nas relações interpessoais de cada indivíduo, era inerente à
própria pessoa. Através de dados obtidos em diversas experiências que
realizou, ele chegou à conclusão de que esses aspectos eram de ampla
aplicabilidade, podendo promover ou destruir mudanças auto dirigidas,
quando liberados.
*


Em sexto lugar, as situações abrangem pessoas, mudanças em seu
comportamento e efeitos de diferentes tipos de relações interpessoais
estão presentes em quase todos os empreendimentos humanos, o que para
Rogers significou que sua abordagem poderia ter uma aplicação universal.
Para ele, essa abrangência da sua abordagem é que pode explicar a sua
espantosa disseminação.


A partir dos seis passos acima, é possível verificar que, sendo o homem
considerado como um todo, um ser biopsicossocial, tudo o que envolve sua
vida, seus sentimentos, crenças e, sendo esse ativo, ele é produto e
produtor da sua história, sendo também considerado por este motivo, o
momento cultural em que está inserido. Optar pela filosofia humanística,
significa chegar às mudanças sociais a partir do desejo humano de
mudança e da potencialidade para realizá-la, e não a partir do
condicionamento, o que resulta numa filosofia política profundamente
democrática, ao invés da administração a cargo de uma elite, e
obviamente essa postura traz conseqüências, por ser “revolucionária”.
(Millollan e Forisha, 1978)


Foi em 1940 que Carl Rogers fez a primeira tentativa de cristalizar por
escrito alguns dos princípios e das técnicas de um novo método em
terapia, um método que foi rapidamente rotulado de “consulta psicológica
não diretiva”. Dois anos mais tarde foi publicado “Couseling and
Psycotherapy: New Concepts in Practice”. Neste volume era exposta a
prática dos princípios utilizados no domínio da consulta psicológica
cuja finalidade era libertar as capacidades individuais de integração.


A construção teórica de Rogers gira em torno da construção do “eu”, de
suas relações, interações, capacidades, habilidades etc. Acreditando por
constatação, que o homem é capaz de lidar consigo mesmo, com sua
situação psicológica, com auto compreensão e auto direção inteligente, é
que o psicoterapeuta que se utiliza dessa abordagem é um profissional
“facilitador” para que o cliente tenha seus sentimentos reelaborados,
levando-o a um crescimento contínuo.


Trinta e sete anos após Rogers ter falado isso pela primeira vez, e
provocado um alvoroço, ele faz uma avaliação do quanto fora ousado, pois
isso era exatamente o oposto de tudo na época, mas que o tempo se
encarregou de mostrar como essa “política” foi tão melhor sustentada
empiricamente ao longo dos anos. O tempo fortaleceu sua posição e seus
pressupostos ganharam cada vez mais, maiores números de adeptos. Rogers
descreve seu pressuposto como: “a hipótese gradualmente formada e
testada de que o indivíduo tem dentro de si amplos recursos para
autocompreensão, para alterar seu conceito, suas atitudes e seu
comportamento autodirigido – e que esses recursos só podem emergir se
lhe for fornecido um determinado clima de atitudes psicológicas
facilitadoras” (Rogers, 1983).


Para Rogers (1975) há no homem uma tendência natural para o crescimento,
o que ele chamou de Tendência Atualizante , que o leva naturalmente ao
desenvolvimento completo, e que está presente em todos os organismos
vivos. Essa é a pedra fundamental na qual se apóia a Abordagem Centrada
na Pessoa. Essa Tendência pode ser impedida, mas não pode ser destruída
sem que se destrua o organismo. Ele cita como exemplo, plantas que nas
condições mais adversas, buscam uma fresta de luz, na direção da qual
crescem mesmo que isso a deforme. Qual é o clima que pode favorecer um
indivíduo que por diversos motivos viveu em ambientes que de certa forma
lhe distorceram o comportamento? Há três elementos chaves para que isso
possa acontecer:


• Congruência – ou seja, autenticidade absoluta da parte do terapeuta
para com o cliente. O terapeuta deve ser ele mesmo, sem “fachada” de
profissional. O termo transparência dá um maior significado a esse
conceito. O terapeuta deve expressar completamente seus sentimentos
positivos, sejam de compaixão, compreensão, como também seus sentimentos
negativos, como medo, e nunca suas opiniões ou julgamentos sobre o
cliente. Quando o cliente percebe que o terapeuta se dá o direito de ser
autêntico, ele pode descobrir essa mesma liberdade.


• Aceitação Incondicional – O terapeuta deve mostrar uma atitude de
aceitação que permita ao cliente vivenciar qualquer sentimento. Isso
exige o não envolvimento do julgamento e da manipulação, ou do rotular o
cliente. Quando isso flui de uma maneira natural a probabilidade de
sucesso no processo terapêutico é maior. O terapeuta não pode encarar
isso como uma obrigação, deve fazer parte do seu processo de
relacionamento com as pessoas, principalmente com o cliente.


• Compreensão empática – O terapeuta “entra” no campo fenomenal do
cliente, sente seus sentimentos, e procura entender seus significados
pessoais como estão sendo vivenciados pelo cliente. Ser empático não é
uma técnica, é uma atitude desenvolvida ao longo da vida da pessoa, que
leva o terapeuta a vivenciar o mundo interno do indivíduo para ajudá-lo
a expressar o que está sentindo, não pensar “pelo” cliente e sim “com” o
cliente.


À medida que o cliente sente que existe um momento, e uma pessoa, que
acredita nele, o aceita, o escuta com atenção, o aprecia, ele se torna
mais capaz de abandonar suas fachadas e se mostrar mais claramente como
realmente é. Ao se ouvir, o cliente começa a se entender, muda suas
percepções, e o poder que os outros tinham sobre ele começa a diminuir e
ele passa a ter mais controle sobre si mesmo. Quanto mais aberta ao
próprio crescimento, a pessoa se sente mais segura, menos defensiva, e
mais propensa a crescer e mudar em direção ao seu desenvolvimento. Este
tem que ser um processo natural na vida do cliente, sem que o terapeuta
o direcione, o sugestione. O poder é do cliente e não do terapeuta, esse
só deve criar o clima favorável para que esta capacidade interna do
cliente se manifeste.(Rogers, 1961)


FREUD, ROGERS E SKINNER


• Pontos divergentes e convergentes entre as três teorias


Rogers surgiu numa época de grandes divergências entre as correntes da
Psicologia. Havia uma grande discordância entre os diversos segmentos,
mais fortemente em dois deles: a linha psicanalítica e a linha
experimentalista. Rogers se contrapõe mais diretamente à teoria
skineriana, que parecia reduzir o homem a uma visão mecânica e
reducionista. No entanto Rogers no decorrer de seus estudos soube
aproveitar muito da teoria de Skinner. (Milhollan e Forisha, 1978)


Um dos pontos mais divergentes entre a teoria psicanalítica, o
behaviorismo e a Abordagem Centrada na Pessoa é no que diz respeito à
natureza humana, ou seja, a concepção de homem, a visão e a percepção
que o terapeuta possui, e com que visão este profissional conduzirá seu
trabalho. Outro ponto que deve ser considerado é o processo experiencial
e o contexto sociocultural e histórico de cada teórico.


Freud foi o criador da Psicanálise, além de influenciar várias áreas do
conhecimento, viveu metade de sua vida durante o século passado e quase
quatro décadas deste século, o que proporcionou uma outra visão do
mundo, e ainda, sempre foi discriminado e por fim perseguido na Segunda
Guerra, devido sua origem judaica. Sua época foi marcada pela
austeridade social, onde a mulher era confinada ao seu papel de esposa e
mãe, sem direitos políticos e sociais, seu papel era de procriadora e
mantenedora do lar. As mulheres que se aventuravam a qualquer coisa que
fosse além disso, eram mal vistas pela sociedade castradora e austera
vigente.


Skinner foi contemporâneo de Rogers, mas sua visão de homem era
basicamente científica, e a partir dos estudos experimentalistas que já
existiam, ele estruturou e sistematizou a causalidade entre a formação
do comportamento e os estímulos ambientais. Skinner se contrapunha
diretamente à escola psicanalítica. Rogers viveu durante este século
recebendo uma educação afetiva, apesar de ser rígida, fundamentada na
religião cristã, da qual ele se desvinculou mais tarde. Participou dos
conflitos sociais nos anos 60, os quais trouxeram muitas mudanças
sociais. Ele iniciou seu trabalho como psicólogo no momento em que os
profissionais da época se dividiam entre o método psicanalítico e o
comportamental, ele se opõe aos dois e inicia uma forma própria e
peculiar na sua forma de atendimento, que foi chamada de “não-diretiva”
e que se constitui na terceira força da Psicologia.


Freud via a pulsão de vida e a pulsão de morte, como faces da mesma
moeda, dando a Eros e Tânatos o mesmo peso (Laplanche, 1998). Para ele,
o homem é possuidor de um permanente conflito entre forças antagônicas
existentes em seu interior. O Id totalmente inconsciente, faz tudo o que
é possível para atingir seus objetivos, ou seja, livrar-se da pressão de
energia das quais é o próprio produtor e reservatório. O Ego tenta a
todo custo servir de mediador entre as exigências do Id e as exigências
da realidade externa. O Superego, o aliado da cultura, na perpetuação
das normas e dos valores sociais. Para Freud a natureza humana é
determinada, sobretudo, pelas pulsões e forças irracionais, oriundas, do
inconsciente; pela busca de um equilíbrio homeostático; e pelas
experiências vividas na primeira infância. Em uma de suas conferências,
Freud fala da vileza, egoísta da natureza humana e o fato de que o homem
não é muito digno de confiança no que se refere à sua sexualidade e seus
desejos reprimidos, que vinham à tona de várias formas, uma delas
através de atitudes de agressividade. Pontuou ainda sobre a guerra que
devastou a Europa, dando a entender que tanta destruição não poderia ser
desencadeada por uns poucos homens ambiciosos e sem princípios, se essas
tendências destrutivas não existissem na maior parte da humanidade. A
sociedade se vale de tanta hostilidade, e ainda precisa fazer uso da
coerção, porque o organismo do homem era grandemente dominado pelas
pulsões destrutivas, predominando a hostilidade o que facilita a coerção
social, como elemento coibidor deste aspecto tão forte de sua natureza.


“Até o início da idade adulta, na maioria das sociedades, o Id terá sido
domesticado. Quando não o é, o indivíduo costuma ser considerado muito
especial, louco, mal, sagrado, ou qualquer combinação dos quatro.”
(Kline, 1988) Toda obra de Freud tem afirmações sobre o pessimismo com
relação ao homem, quer quando se refere ao “princípio do prazer” quer
quando se refere a repressão necessária para suplantar a marcante
hostilidade presente, em cada um de nós. Mas, ao que parece, ao longo de
sua história, Freud reformulou alguns dos seus pontos de vista, passando
a enfatizar também outros aspectos do homem. “Por fim veio a reflexão de
que, afinal de contas, não se tem o direito de desesperar por não ver
confirmadas as próprias expectativas; deve-se fazer uma revisão dessas
expectativas” [1]


Diferentemente da teoria Psicanalítica, Rogers destaca a grande
confiança que sente pelo homem. Essa confiança é baseada, através de
experiências clínicas e comunitárias, resultados de pesquisas realizadas
por ele e por seus colaboradores, em várias partes do mundo. Ele
assinala que: “Acabei por me convencer de que quanto mais um indivíduo é
compreendido e aceito, maior sua tendência para abandonar as falsas
defesas que empregou para enfrentar a vida, maior sua tendência para se
mover para a frente”. (Rogers 1961, pg.31). Se o homem não possui lesões
ou conflitos estruturais profundos, apresenta essa capacidade, o que é
uma característica inerente ao homem que não depende do processo de
aprendizagem, mas sim de uma estrutura da qual participou, num clima de
calor humano, sem ameaçar ou desafiar a imagem que a pessoa faz de si
mesma. Quanto mais livre o homem for, para tornar-se o que ele é no mais
fundo do seu ser, para agir conforme sua natureza, como um ser capaz de
perceber as coisas que os cercam, então ele, nitidamente, se encaminha
para a interação e integração de si mesmo. Somente um ser consciente
será capaz de libertar-se, o que chega a um ponto de impasse,
dividindo-o. Isso ocorre devido a massificação da nossa cultura, que
provoca a total alienação, que “de-forma” perspicaz, recalca os mais
nobres dos nossos sentimentos como: o amor, a confiança e a bondade,
juntamente com outros impulsos, socialmente proibidos. Desta forma,
Rogers não acredita que, uma vez liberada a camada mais profunda da
natureza humana, nos depararíamos com um Id incontrolável e destrutivo.


A Abordagem Centrada na Pessoa, considera a Tendência Atualizante como
uma motivação polimorfa, ou seja, esta tendência pode trazer várias
formas, de acordo, com as necessidades presentes no organismo.
Discordando das teorias que tratam de motivação sobre um prisma
biológico, do qual o organismo procura reduzir suas tensões e
restabelecer um estado de equilíbrio. Rogers acredita que os organismos
estão sempre em busca de um “vir a ser”, pois no seu entendimento,
somente um organismo doente, mantém-se num equilíbrio passivo. O
organismo sempre está em busca de algo, e isso é a fonte de energia que
fez parte da função do sistema como um todo para a auto-realização e
plenitude, que abrange não só a manutenção, mas também o crescimento.


Para Rogers, o homem preconizado por Freud, não é, socialmente falando,
muito digno de confiança, com uma postura negativista. Para ele é
exatamente o inverso, pois acredita que é justamente em um contexto
coercitivo, onde o homem não pode expandir-se e atualizar seu potencial,
que o leva a tornar-se hostil ou anti-social. Caso contrário, nada temos
a temer, pois, seu comportamento tenderá a ser construtivo, “...será
individualizado, mas também será socializado”


Skinner caracteriza sua epistemologia como Behaviorista Radical,
apontando aspectos que distinguem sua versão comportamental em
Psicologia do Behaviorismo Metodológico, que não considerava os
conteúdos internos do indivíduo, enquanto que para ele os comportamentos
privados eram tão importantes quanto os comportamentos públicos,
observáveis, e dessa forma sua obra se torna muito mais completa do que
a de seus antecessores. Para ele, todo indivíduo tem dois tipos de
comportamento: “sob a pele” – que são os comportamentos privados, aos
quais, apenas o indivíduo tem acesso e “sobre a pele” – que são os
eventos públicos, passíveis de serem observados por qualquer pessoa.


Segundo Milhollan e Forisha (1978), Skinner via a realidade como algo
objetivo, dedutível de forma lógica. O homem é um produto do meio, em
função das contingências ambientais em que vive, a “comunidade verbal”,
é quem dá significado a tudo que vivencia, ou seja, o que é ensinado
para a criança desde a mais tenra idade é o que vai direcionar seu
comportamento, suas crenças, seus ideais, etc. Para o Behaviorismo
Radical, o processo terapêutico se dá mediante a análise de
contingências, reforço positivo e conseqüentemente através de “auto
regras”, que será a mudança de visão que o homem imporá a si mesmo
quando consciente da sua necessidade de mudar seu próprio comportamento.
Isso é o que Skinner denominou de “comportamento operante”, que é a
capacidade do homem de agir apesar das contingências ambientais, dentro
do processo terapêutico. Mas de forma geral, o indivíduo não tem
liberdade de escolha, ele age em função dos estímulos ambientais e suas
respostas (comportamentos) a estes estímulos, podem gerar conseqüências
que serão reforçadores negativos ou positivos, levando a um aumento ou
diminuição dessas respostas, ou que podem ser punitivas, o que
provocaria a extinção das mesmas. Segundo essa premissa, desde que haja
um determinado controle ambiental, obtém-se do indivíduo as respostas (o
comportamento) desejadas.


Rogers também se opõe à orientação de Skinner, que defendia a idéia que
o homem não é livre, e não aceitava que a vida da sociedade iria
constituir-se em controle e manipulação das pessoas, ainda que isso
fosse feito para torná-las mais felizes, pois o homem é o arquiteto de
si, assim, o papel que desempenha o subjetivo não deve ser minimizado
(Millhollan, Forisha, 1978).


Conclusão


Não podemos negar a importância de cada um deles, a Psicanálise
trouxe-nos o entendimento do homem a partir do seu passado, dos desejos
reprimidos (Id), das regras introjetadas (Superego) e de como o Ego se
estrutura na equilibração dessas duas forças antagônicas, além dessas
contribuições, descortinou diante de nós a dinâmica do inconsciente com
os seus vários mecanismos de defesa. O Behaviorismo contribuiu desde o
início, mesmo com seus experimentos mais fugazes até culminar com o
Behaviorismo Radical de Skinner, que sistematizou o que já havia sido
feito, de forma lógica e coerente explicando a formação do
comportamento, a partir dos estímulos ambientais. Sua metodologia
terapêutica é de natureza diretiva e intervencionista, e quando aplicada
a pacientes com determinados tipos de transtornos, mostra resultados
mais rapidamente, como nos casos de autismo, bulimia, aneroxia, auto
injúria e outros. Totalmente contrário das duas anteriores é a Abordagem
Centrada na Pessoa, primeiramente na sua visão positiva do homem, e
depois na sua metodologia que contrariava todos os direcionamentos que
até então havia entre os que estudavam Psicologia. Rogers a princípio
não se preocupou em sistematizar sua teoria, o que só foi fazer anos
mais tarde, quando sua forma de atuar já era amplamente difundida. Sua
atuação fundamenta-se na somente na fala do cliente e de como ele
elabora essa fala, o papel do terapeuta será o de aceitar essa fala sem
efetuar qualquer tipo de julgamento, pressão ou cobrança, e assim, o
cliente tenderá por si mesmo ao crescimento saudável. O cliente dirige a
sessão, o terapeuta apenas conduz, ou seja, o poder de mudança está no
próprio cliente e o terapeuta será apenas um agente facilitador desse
processo. A Abordagem Centrada na Pessoa foi uma técnica utilizada além
das fronteiras do consultório e se estendeu para diversas áreas do
relacionamento humano.


Não resta dúvida de que a história de vida das pessoas e a maneira como
a vivenciaram, podem influenciar no modo como se conduzem socialmente.
Os próprios autores, em questão, foram influenciados por suas histórias,
ao desenvolverem um ponto de vista sobre um mesmo assunto. No entanto,
acreditamos que as três teorias trouxeram contribuições significativas
não só para o campo da Psicologia, como também para toda a humanidade.
Segue abaixo um quadro evidenciando as características dos três
teóricos:


FREUD


• Nasceu em 1856 em Freiburg Slováquia.


• Morreu em 1939.


• Filho de pais judeus perseguido pelo nazismo.


• Sofreu discriminação durante as duas guerras mundiais.


• Iniciou seus estudos quando o meio acadêmico buscava consolidar as
mais variadas hipóteses sobre o comportamento humano.


• Desvendou os mistérios do inconsciente, e foi o primeiro a
relacionar as neuroses à sexualidade infantil.


• Considerado o Pai da Psicanálise, e sua teoria sobre Ego, Id e
Superego, permanece imbatível.


PERCEPÇÃO DE HOMEM


Para ele o homem é um ser dividido entre seus desejos de vida e
morte.


Obra marcada por um certo ceticismo, sendo a natureza humana
determinada por forças irracionais.


Acreditava que a sociedade civilizada estava ameaçada pela
desintegração, devido à hostilidade primária dos homens entre si,
e a cultura devendo recorrer a todo reforço possível a fim de
erigir uma barreira contra o instinto.


Para ele, o homem é possuidor de um conflito permanente e
antagônico, existente em seu interior, no qual o Ego tenta ser o
mediador para encontrar o equilíbrio.


ROGERS


• Nasceu em 1902 em Oak Park, Illinois, USA.


• Morreu em 1987.


• Filho de pais dedicados porém rígidos na educação dos filhos e
na religião.


• Viveu numa época marcada pelas mudanças sociais dos anos 60, como
a liberação sexual, o movimento hippye, etc.


• Iniciou seus estudos em plena discussão sobre a Psicanálise e o
método experimental, não gostou de nenhum dos dois.


• Inovou na sua forma de atendimento terapêutico quando percebeu que
o cliente queria ser ouvido. Passou a usar o método chamado de
não-diretivo.


• Criou a ACP – Abordagem Centrada na Pessoa


PERCEPÇÃO DE HOMEM


O homem é um ser subjetivo e experiencía cada acontecimento de
forma única e pessoal.


Tem plena confiança na capacidade de desenvolvimento do homem, de
seu crescimento, de se compreender, e resolver seus próprios
problemas, desde que haja no seu ambiente condições favoráveis
para que isso ocorra.


Acredita que o homem tem uma capacidade realizadora que ele chamou
de Tendência Atualizante, que o capacita ao crescimento.


O homem é possuidor de uma motivação que pode levá-lo em várias
direções, de várias formas. Essa motivação só não deve ser abafada,
para não distorcer o seu crescimento.


SKINNER


• Nasceu em 1904 em Susquehanna, USA.


• Morreu em 1990.


• Filho mais velho de Willian Skinner e Madge Burrhus.


• Viveu numa época marcada pelas mudanças sociais dos anos 60,
como a liberação sexual, o movimento hippye, etc.


• Iniciou seus estudos científicos fundamentado no método
experimental.


• Aperfeiçoou este método, criando a AEC – Análise Experimental do
Comportamento, que sistematizou o conhecimento existente sobre
estímulo-resposta.


• Sua metodologia que foi chamada de Behaviorismo Radical.


PERCEPÇÃO DE HOMEM


Sua visão de homem é objetiva. Todo ser é produto do meio em que
vive.


O homem não tem liberdade de escolha, ele dá significado às coisas
de acordo com que lhe é ensinado pela comunidade verbal. As
contingências ambientais determinam o comportamento do indivíduo,
e se baseiam em três aspectos:


O histórico filogenético


O histórico ontogenético


O ambiente


As alterações no comportamento se dão através do Reforçamento
Positivo, Negativo ou da Punição. O comportamento operante
significa a alteração das contingências a fim de modificar o
homem.


BIBLIOGRAFIA


Gusmão, Sonia M. L., A natureza humana segundo Freud e Rogers, Texto
apresentado no Fórum Brasileiro da ACP no Rio de Janeiro; 1996.


Freud, S., O mal estar na civilização in Os grandes pensadores, 1º
Ed.São Paulo: Abril, 1994


Kline, P., Psicologia e teoria Freudiana, 1 a . ed.; Rio de Janeiro:
Imago, 1988


Laplanche, J., Vocabulário da psicanálise , 3º ed. São Paulo:Martins
Fontes,1998


Millhollan, F, Forisha, F. A. Skinner X Rogers: Maneiras contrastantes
de encarar a educação, 3º ed. São Paulo: Sumus editorial, 1978


Morato, Henriette. Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa: Novos
desafios. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999


Rogers, Carl R.Psicoterapia e Relações Humanas. Vol. I. 1º ed. São
Paulo: Interlivros, 1975


Rogers, Carl R. A pessoa como centro. São Paulo: EPU, 1977


Rogers, Carl R. Sobre o poder pessoal. 1º ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1978


Rogers, Carl R. Grupos de Encontro. 5º ed. São Paulo: Martins Fontes,
1983


Rogers, Carl R. Um jeito de ser. São Paulo: EPU, 1983


Roger, Carl R. Tornar-se Pessoa, 5 a . ed.; São Paulo: Martins Fontes,
1997


Freud, Sigmund: A história do Movimento Psicanalítico in Os
pensadores(Pg. 47), Ed. Abril Cultural, 1978


[ Tornar-se pessoa, hoje!.txt ]
Tornar-se pessoa, hoje!


Emanuelle Coelho Silva ( ecoelho_si...@hotmail.com )


*Texto escrito em fevereiro de 2006.


Vivemos num mundo onde a máxima é aquela expressa nos outdoors,
nas grandes propagandas veiculadas pela televisão e mesmo pela
internet: "seja magro", "seja forte", "lute pelos seus ideais",
"faça inglês", "seja o homem do século XXI" seja a qualquer
custo!


Mas o que nos custa este SER contemporâneo, este novo ser? Esses
slogans que nos remetemos e nos intimamos a seguir, não são
“obrigatoriedades” para homem atual, mas já vêem de outras épocas
humanas, onde outros modelos eram requeridos, mas a máxima era a mesma
SEJA, mas seja aquele que eu lhe digo ser, aquele que atende o meu ser.
Talvez possamos até nos remeter a Nietzsche, que em seu célebre
trabalho "Assim falou Zaratustra", já nos dizia tão bem sobre esse
"super-homem" a que estamos ligados.


Mas o que nos torna seres humanos realmente? O que nos torna
pessoa hoje? Como? O que? Quando? Quanto? A que custo?


Tornar-se pessoa não é tarefa simples, não é apenas abdicar das
ofertas hi-tech do século XXI, nem tão pouco fingir que elas não
existem. Tornar-se pessoa passa pelo íntimo do ser, é preciso
mergulhar em si mesmo, verificar e presenciar o caos do EU para
depois lançar-se fora e unir-se ao que foi quebrado. Novamente,
pensando nas palavras de Nietzsche pra ilustrar, "É preciso ter
um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante".


Nesta tentativa de tornar-se pessoa, por vezes nos perdemos em
rótulos, estigmas e exigências de uma sociedade marcada pela
estética e pela aparência. A essência é perdida e por vezes nos
vemos tão perdidos quanto. Nessa longa caminhada, Nietzsche, em
"Assim Falou Zaratustra" retrata o sofrimento, o caos e a luta
interna (e até mesmo externa) que desbravamos para alcançar a
nossa própria verdade, nossa essência, o EU enfim. É preciso
ressaltar que a verdade aqui, é a verdade interna, é a verdade
de cada um, é o eu-pessoa.


O que é a existência senão a luta por descobrir o que somos e
para onde iremos, em nossa longa jornada? De que certezas têm o
homem senão de seu próprio fim? Que mudanças este homem pode
procurar, ou mesmo se permitir para encontrar essa pessoa que
está dentro dela, pedindo para sair?


Ser humano é demasiado complexo e por vezes penoso. Mas é sempre
a partir dessas provações (e até provocações), que as verdades,
individuais são transmutadas, mudadas e moldadas, levando a
plenitude do EU, a plenitude do ser e a volta do tornar-se
pessoa. Conhecer-se, compreender-se, aceitar-se e novamente
conhecer-se é o que realmente nos torna pessoa.


Esse caminho que é percorrido em busca de tornar-se realmente
pessoa, é por vezes dolorido, uma vez, que nos vemos frente à
verdades que parecem insuportáveis, mas são esses momentos em
que a real pessoa torna a vir, deixa os rótulos, as exigências,
os slogans e é apenas SER. Um músico americano, Jim Morrisson,
soube bem retratar essa angústia da existência e essa procura
por si mesmo, a briga com o tempo, com a imagem, dizendo em
trecho de sua poesia:


(...) Desista de seus votos, desista de seus votos


Salve a nossa cidade, salve a nossa cidade


Agora mesmo


(...) O futuro é incerto e o fim está sempre perto. (...)


Não é possível encontrar-se sem perder-se, e esse processo é
doloroso, mas engrandecedor, revelador. É a descoberta da tomada
de consciência livre de ser humano. É o momento de encontro com
si mesmo.


“Uma pessoa que está mais aberta a todos os elementos de sua
experiência orgânica; uma pessoa que está desenvolvendo uma
confiança em seu próprio organismo como instrumento de vida
sensível; uma pessoa que aceita o foco da avaliação como
residindo dentro de si mesmo; uma pessoa que está aprendendo a
viver em sua vida como um participante em um processo fluido,
continuo, em que está constantemente descobrindo novos aspectos
de si mesmo no fluxo de sua experiência. Esses são alguns dos
elementos que e parecem estar envolvidos em tornar-se pessoa.” (Carl
Rogers, 1995: 140)


Bibliografia consultada


BOAINAIM, Elias. Tornar-se Transpessoal: Transcendência e
Espiritualidade na obra de Carl Rogers. Summus Editorial, 1998.
p. 23-41: A psicologia Humanista.


GUSMAO, Sonia Maria Lima de. A natureza humana segundo Freud e
Rogers. João Pessoa: 1196.


NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Tradução Alex
Marins. Editora São Paulo: Martin Claret, 2005.


ROGERS, Carl. Tornar-se Pessoa. Tradução Manuel Jose do Carmo
Ferreira e Alvamar Lamparelli. São Paulo: Martins Fontes, 1995


Centro de Estudos e Encontro da Abordagem Centrada na Pessoa

Espiritualidade X Dependência química

Revista Planeta, Edição 356, Maio/2002 -
http://www.terra.com.br/planetanaweb/356/materias/356_como_vencer_dro...

Como Vencer as Drogas

Considerada hoje uma doença incurável, a dependência de álcool
e drogas só pode ser controlada, geralmente, a partir do momento
em que o indivíduo admite o vício, toma consciência do estrago que
ele está fazendo em sua vida e decide buscar ajuda em grupos de apoio,
como os Alcoólicos e os Narcóticos Anônimos.
Por Vera Lúcia Franco
(Contatos com Vera Lúcia Franco podem ser feitos pelo telefone
(11) 5549-4742 ou pelo e-mail vluciafra...@terra.com.br)
David Filmer/Sipa-Press
As drogas sempre estiveram presentes na história da humanidade. Há
indícios do uso de plantas alucinógenas em vários cultos pagãos, como
no xamanismo, prática que tem entre 10 e 15 mil anos e busca, através
do transe, viajar ao mundo dos espíritos e de seus ancestrais. O
álcool, por sua vez, era originalmente extraído dos sucos de frutas
fermentadas, já existindo referência ao seu uso a partir do período
neolítico, cerca de 10.000 a 8.000 a.C. O culto a Dionísio, deus do
vinho entre os gregos, esteve presente em diversas culturas e lendas
indo-européias, nas quais assimilou divindades locais e assumiu
diferentes nomes.
Ao que tudo indica, a relação de dependência e vício entre homem e
plantas teve origem na descoberta, por parte de nossos ancestrais, de
que a auto-administração de certas espécies poderiam diminuir a dor,
curar doenças, possibilitar maior energia, aguçar atividades
cognitivas e proporcionar mais sensibilidade. E, a partir do momento
em que o homem começou a dominar tecnologicamente a vida, passou a
produzir drogas cada vez mais potentes e escravizantes, como pôde
experimentar o século 19 através da espantosa variedade de drogas e
estimulantes obtidos com a exploração de novas terras. São exemplos
disso o ópio, o tabaco, que foi disseminado em todas as classes
sociais, e o álcool destilado, que passou a ser produzido e utilizado
em quantidades cada vez maiores. Foi, porém, no século 20 que se fez,
realmente, sentir o impacto da disseminação do uso das drogas.
De acordo com os efeitos psicoativos buscados pelo homem, as drogas
podem se dividir em pelo menos três grupos:
1 - Drogas mágicas – Capazes de proporcionar formas especiais de
embriaguez, caracterizadas por estados de onirismo e êxtase,
acarretando novas experiências dos órgãos dos sentidos e do corpo,
alucinações, ilusões, estados de despersonalização e desrealização,
viagens fora do tempo e espaço com extinção da realidade cotidiana.
Estão aqui incluídos:
Martinez
No xamanismo, as plantas alucinógenas são utilizadas para se entrar em
contato com o mundo dos espíritos.
• O LSD, ou ácido lisérgico, sintetizado em 1938. Inicialmente foi
utilizado no campo experimental psiquiátrico. De fácil fabricação e
custo moderado, foi muito utilizado na década de 60 por conta de seus
grandes efeitos em pequenas doses e por um culto quase místico de
alguns grupos. Causou muita polêmica a música Lucy in the Sky With
Diamonds, dos Beatles, uma vez que suas iniciais sugeriam a droga.
• A Cannabis sativa, os derivados do cânhamo-índio, cujas folhas,
talos e resina secretada são utilizados de várias maneiras na
preparação de tabaco, fumado na forma de cigarros, conhecidos como
baseados. Aos preparados das folhas e flores se dá o nome, no Brasil,
de maconha (a marijuana de mexicanos e americanos); os preparados à
base de resina são denominados haxixe.
Essas drogas causam transtornos vegetativos, neurológicos, sensações
de euforia e felicidade, de excitação, perda da noção de tempo e
espaço, alucinações e maior sensibilidade dos órgãos dos sentidos.
2 - Drogas psicoestimulantes – Proporcionam uma diminuição da fadiga,
um acréscimo de energia e de atividade, uma excitação eufórica. São
elas as anfetaminas, os derivados da coca, etc.
3 - Drogas diminuidoras de estados de tensão e de sofrimento –
Ocasionam sossego ou um grau de euforia variável. Incluem-se aqui a
morfina, o ópio e seus sucessores sintéticos (como a heroína), os
hipnóticos barbitúricos e não-barbitúricos, os analgésicos, os
tranqüilizantes e o álcool.
O LSD foi muito utilizado em experiências psiquiátricas.
Há um quarto grupo, que tem efeitos secundários ao agir sobre o
psiquismo: determinados remédios para a tosse, certos medicamentos
contra enjôo, antiasmáticos, antiestamínicos, antiparkinsonianos e
alguns produtos industriais, como solventes, acetona, cola, etc.
A produção de drogas, porém, não pára por aí, pois o desenvolvimento
da tecnologia na síntese de moléculas orgânicas complexas e a
compreensão da mecânica molecular dos genes vêm contribuindo muito
para se projetar novas drogas, tais como os anabolizantes, tão
populares entre os adolescentes e os atletas, e o Ecstasy, cujo
aumento do consumo vem se mostrando assustador em vários países,
chegando mesmo, segundo a ONU, a superar o da cocaína. Essa não é uma
droga vendida por traficantes comuns, pois pode ser reproduzida em
pequenos laboratórios; assim, seu trânsito é fácil e o controle do
tráfico complicado. Não é preciso dizer que, além de sérios prejuízos
à saúde – irreversíveis mesmo após a pessoa abster-se de seu uso –, o
Ecstasy também pode ser letal.
É triste ver diariamente as vítimas das drogas estampadas em revistas
e jornais, quer sejam usuários, quer sejam as vítimas da violência
criada pelo tráfico. Mais triste ainda é ver o circo da guerra às
drogas promovido pelos governos, que dificilmente surte algum efeito,
porque ora são lentos, ora ineficientes, ou porque quem deveria
combater o crime está em evidente aliança com os cartéis
internacionais.
E o que falar da propaganda que circula livremente pelas televisões,
incentivando o consumo de cigarros (agora já mais combatido) e de
álcool, vícios permitidos socialmente? São anún-cios "inocentes", que,
através de belas mulheres e jogos de sedução, por exemplo, fazem um
convite ao prazer proporcionado por essas drogas.
Prensa Três
Normalmente consumida na forma de cigarros, a maconha causa uma
sensação de euforia e felicidade, aumentando a sensibilidade dos
sentidos.
A produção do álcool é estimulada tanto pelo Estado quanto pela
população (o setor contribui com considerável fatia do PIB). No
entanto, o alcoolismo é tão daninho quanto o consumo de qualquer outra
droga. É um dos problemas mais graves da atualidade, uma das maiores
causas de auxílio-doença na Previdência Social, motivo de acidentes de
trabalho, de trânsito e elevada porcentagem de crimes.
Para efeito de tratamento, tanto as toxicomanias como o alcoolismo são
considerados sob o mesmo rótulo, ou seja, o das dependências químicas.
A diferença está na legalização de seu uso. Dá-se o nome de
dependências aos hábitos repetitivos, que, quando nos entregamos a
eles sem limites, tornam-se verdadeiras obsessões. Podemos ficar
obcecados (ou dependentes) por quase tudo: por comida, café, jogo, TV,
fumo, sexo e até mesmo pelo trabalho.
Todos nós tendemos a apresentar, em maior ou menor escala, algum tipo
de dependência, mas o que pode dimensioná-la é o seu uso ser proibido
e o seu excesso condenável. Até o final do século 18, os toxicômanos
eram considerados criminosos. Com o advento da psicanálise, eles
passaram a ser vistos como pessoas que precisavam de ajuda. Essa já
era uma abordagem mais compreensiva do problema, mas a dependência da
droga ainda era incluída na categoria das perversões e dos transtornos
de caráter, nos quais estão caracterizadas as psico e sociopatias, o
que reforçava a marginalidade do viciado. Como as drogas passaram a se
configurar como um fenômeno de massa, seus usuários deixaram de ser
estigmatizados. Somente no século 20, porém, é que surgiu a noção de
vício como uma doença, definição que norteia hoje os programas
utilizados no tratamento tanto das drogadicções quanto do alcoolismo.
Mais recentemente, ela está sendo aplicada também no tratamento de
muitos comportamentos que têm caráter compulsivo, como a bulimia, o
jogo, a promiscuidade, etc.
A dependência química é vista como uma doença incurável, que pode ser
abrandada somente quando o indivíduo chega ao fundo do poço e,
finalmente, consegue conscientizar-se do que está vivendo. A partir de
um certo ponto, a necessidade da droga não conhece mais limite nem
controle. Por conta dela, a pessoa é capaz de mentir, roubar, enganar
e denunciar amigos. Enfim, pode fazer qualquer coisa para obter a
droga, que a aprisiona cada vez mais, já que o seu livre-arbítrio vai
se reduzindo, até desaparecer.
Graças à crença de que a dependência química é uma doença para a qual
abstenção é fator primordial, e diante dos bons resultados com os
dependentes de álcool, a terapêutica que norteia a irmandade
denominada A.A., Alcoólatras Anônimos (o termo alcólatra foi
substituído recentemente por alcoólico, por se entender que o primeiro
carrega um estigma), também está sendo utilizada no tratamento dos
viciados em narcóticos, formando-se assim os Narcóticos Anônimos
(N.A.).
Prensa Três
Bebidas alcóolicas: a contribuição no PIB torna o Estado complacente
com os fabricantes, que podem comercializar o produto legalmente.
Tanto o programa do A.A. como o do N.A. têm a função de criar uma
estrutura dentro da qual o indivíduo passe por uma total
reorganização, retomando a direção da própria vida. O roteiro de
tratamento chama-se 12 Passos, os quais exibem muitos paralelos com o
caminhar de uma senda esotérica. O uso do número 12 mostra que a
tarefa se dirige à recuperação da totalidade psíquica do indivíduo.
Vemos o número 12 presente, por exemplo, nos 12 signos do zodíaco, nos
12 trabalhos de Hércules ou nos 12 apóstolos. Esse trabalho
terapêutico com alcóolicos e drogados envolve 12 provas difíceis, que
vão mexer com grandes dificuldades do indivíduo, como a negação da
doença e o orgulho que não permite perceber sua própria derrocada.
Os 12 Passos do A.A. afirmam:
1. Admitimos nossa impotência perante o álcool e que havíamos perdido
o controle sobre nossas vidas.
2. Passamos a acreditar que um poder superior a nós poderia nos
restaurar a sanidade.
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus,
na forma que O concebemos.
4. Fizemos um minucioso e destemido inventário de nós mesmos.
5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser
humano a natureza exata de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus remova todos os
defeitos de caráter.
7. Humildemente pedimos a Ele que remova nossas imperfeições.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e
nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9. Sempre que possível, fazemos reparações diretas dos danos causados
a outrem, salvo quando tal atitude signifique prejudicá-los ou a
outros.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estivermos
errados, nós o admiti-remos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e meditação, melhorar nosso contato
com Deus, na forma em que O concebemos, rogando apenas o conhecimento
de sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual graças a esses passos,
procuramos transmitir essas mensagens aos alcoólicos e praticar esses
princípios em todas as nossas atividades.
Grupo de reabilitação comandado pela enfermeira Wanda Sawicki/Max Pinto
Os grupos de reabilitação de alcóolicos e narcóticos ajudam a pessoa a
admitir a sua impotência diante do vício e assumir uma postura
transformadora perante a própria vida.
Passo a passo, vai se delineando um caminho, que se inicia pelo
reconhecimento da real fragilidade do indivíduo, de sua impotência
diante desse mal. A partir daí, ele se abre para uma trilha
espiritual, onde somente um poder maior é capaz de ajudar a redimir
suas culpas. Surge, então, um novo eu, capaz de perceber suas
responsabilidades para consigo próprio, para com o próximo e o mundo.
Doação ao outro é a condição final na constituição da Irmandade dos 12
Passos, ajudando-o a manter a sobriedade.
Para se entender um pouco mais por que esse programa é voltado para a
abertura do adicto à espiritualidade, precisamos voltar alguns anos,
quando Carl Gustav Jung recebeu uma carta de Bill W., um dos
co-fundadores do A.A. A carta conta que, na verdade, a origem dessa
entidade se dera no consultório do psicólogo. Em 1931, Jung tratara,
por cerca de um ano, o sr. Rowland, que deixou o tratamento muito
feliz, acreditando que se livrara de seu vício, o que não aconteceu
realmente. Ao ter nova recaída, ele voltou a seu consultório, mas Jung
disse que não via mais sentido em nenhum tipo de tratamento médico ou
psiquiátrico que pudesse ajudá-lo. Chocado com o veredicto, o sr.
Rowland insistiu, e Jung afirmou que via na verdadeira conversão
religiosa a única saída para o seu caso. Tempos depois, Rowland se
filiou ao Oxford Group, movimento evangélico europeu, onde finalmente
conseguiu se libertar de sua compulsão pela bebida.
Estranhamente, o autor da carta, Bill W., acabou, por outros caminhos,
tendo também de viver a mesma experiência que seu amigo para poder se
livrar do alcoolismo. E foi durante a sua experiência religiosa que
teve a inspiração de criar uma sociedade em que cada um se
identificasse com o outro e lhe transmitisse sua experiência. Cada
sofredor precisaria viver a sentença de incurável que a ciência médica
lhe conferia, além de ter de viver uma experiência de transformação
espiritual. Esses foram os conceitos-base para as posteriores
conquistas dos A.A.
Em resposta a essa carta de Bill W., Jung escreveu que não pudera ser
mais claro com o sr. Rowland pois temera ser mal interpretado, coisa
que estava ocorrendo com freqüência em relação a ele no meio médico.
Segundo o psicólogo, a fixação que observara em seu cliente, bem como
em outros casos que acompanhara, era o equivalente da sede espiritual
de nosso ser pela totalidade, expressa em linguagem medieval pela
união com Deus. Acrescentou ainda que um homem comum, desligado dos
planos superiores e isolado de sua comunidade, não pode resistir aos
poderes do mal. Por fim, concluiu dizendo que "álcool em latim
significa espírito, ou seja, a mesma palavra que designa a mais alta
experiência religiosa nomeia também o mais depravador dos venenos. A
receita seria, portanto, spiritus x spiritum" (espírito x álcool).
Com certeza, muitas pessoas na adolescência tiveram alguma experiência
com drogas. Em geral, começa-se com o álcool, uma vez que ele é
legalizado e está presente em todas as festinhas. Pode-se daí evoluir
para drogas mais fortes ou não. Depende dos motivos de cada um: mera
curiosidade, sugestão ou imitação dos amigos e familiares, adequação a
um grupo social, ou até motivações mais profundas, como uma grande
desilusão, um protesto contra a família ou contra a sociedade. O vício
pode ter raízes ainda na tentativa de manter o equilíbrio, na
necessidade de burlar a autoridade, na dificuldade de lidar com a
frustração, na tentativa de ser diferente do que se é, na busca de
aplacar sensações doloridas ou de um mundo melhor.
Bob Kusel/Sipa-Press
Obsessão pelo jogo: comportamento considerado vicioso, assim como a
bulimia, a promiscuidade e o trabalho em excesso.
Seja qual for o motivo, compreende-se o dependente químico como uma
pessoa que se encontra diante de uma realidade, objetiva ou subjetiva,
insuportável, da qual não pode se esquivar e que não consegue
transformar. Resta-lhe então, como alternativa, tentar mudar a sua
percepção do mundo real, algo que vai buscar nos estados alterados de
consciência proporcionados pela droga. Para ele, beber ou drogar-se
passa a ser uma questão de sobrevivência psíquica. Por isso é muito
comum observar comportamentos de risco em muitos dependentes químicos.
Na busca do êxtase e para vivenciá-lo novamente, é preciso jogar com a
morte, uma vez que se assume mais riscos a cada rodada da droga. Pouco
importa também se no caminho dessa busca se encontre o inferno – ele
faz parte da jornada.
Em todos os rituais de iniciação, para se ter acesso ao mundo oculto,
acaba se correndo riscos, pois o neófito se submete a provas que vão
transformá-lo durante o seu caminhar. Para adquirir tanto maturidade
psicológica como religiosa, o indivíduo vive, simbolicamente, a morte
e o renascimento.
Para crescer, ou seja, para evoluir de sua condição psicológica de
submissão e dependência para uma condição de auto-responsabilidade, o
adolescente precisa também aceitar a morte (da criança que ele é) e a
ressurreição (do adulto que virá a ser).
No entanto, herdeiros de um mundo tecnológico, esvaziado dos valores
do espírito, em prol dos áridos valores materiais, nossos adolescentes
não têm a estrutura necessária para auxiliá-los nessa passagem. Nesse
sentido, estão irremediavelmente nas mãos do spiritum – o mais
depravador dos venenos, como afir- mou Jung.
O mito medieval de Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda nos mostra
que, para curar o rei e a terra de seu reino voltar a ser fértil, era
preciso que se encontrasse o Santo Graal – essa era a missão dada aos
cavaleiros. Quem acabou encontrando o cálice foi Parsifal, talvez o
menos preparado na arte da guerra e do domínio, mas, entre todos, o
mais puro de coração. Pa- ra ter sucesso nessa tarefa, porém, ele
precisou se livrar de antigos valores e se transformar
psicologicamente.
Foi esse o caminho que Jung propôs ao sr. Rowland quando lhe sugeriu
que somente uma autêntica conversão poderia resgatá-lo de sua
compulsividade. Para se fazer a verdadeira conversão aos valores do
espírito, é necessário que nosso ego entre em colapso, se perceba
impotente, reconheça sua fragilidade e se coloque a serviço do poder
superior – força que realmente rege a vida de todos os homens.
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Equipe SC-Semana Cultural
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COMO EVITAR ERROS AO FAZER UMA NEGOCIAÇÃO

Como evitar erros ao fazer uma negociação
J.A. WANDERLEY

Estamos em tempo de negociação. Aliás, sempre estivemos. Negociação é como o processo de comunicação. Algo que fizemos, fazemos e faremos milhares de vezes. E, talvez, por ser tão ligada ao nosso dia-a-dia, não nos apercebemos de todas as dificuldades envolvidas. Ou melhor, ficamos na sensação. Na sensação de que alguma coisa não vai tão bem quanto gostaríamos e que, com certeza, poderia ser melhorada. Mas vamos tocando o barco assim mesmo.

Alto lá! Às vezes é tempo de dar uma parada e verificar como têm sido as nossas negociações. Quais os resultados obtidos, onde estão acertos e erros.

E, justamente, para facilitar esta reflexão, apresentamos uma série de dificuldades/equívocos cometidos por muitos negociadores. Pense nas negociações que tem feito e tire suas conclusões.

Vamos lá:

• • Não preparar e não efetuar simulação das negociações, sobretudo aquelas de maior vulto. O tempo da improvisação está acabando;

• • Negociar como se estivesse dialogando com o próprio espelho, ou seja, dificuldade de ver a situação com os olhos do outro negociador. Procure sempre ver a negociação sob todas as óticas possíveis;

• • Acreditar que se está sempre na pior situação, seja em termos de poder, tempo e informação. Não procurar testar estas premissas, de forma a fazer com que haja congruência entre nossas suposições e a realidade. Identifique e teste seus pressupostos;

• • Confundir a versão com os fatos. É preciso muito cuidado para não cair na armadilha de "O que importa é a versão e não os fatos". Certifique-se e teste suas informações;

• • Falta de consciência do possível, manifestada pelo estabelecimento de objetivos estratosféricos ou muito aquém dos efetivamente alcançáveis e dos tipos de riscos assumidos. Risco total ou segurança absoluta;

• • Não dispor de procedimentos para tratar com a tensão e o estresse, elementos sempre presentes em qualquer negociação, sobretudo aquelas de maior vulto;

• • Confundir a pessoa do outro negociador com suas posições ou idéias. Assim, o foco de negociação acaba se deslocando dos aspectos que lhe são próprios para conflitos de personalidades. Separe as pessoas dos problemas;

• • Deixar-se envolver por táticas sujas - aquelas aplicadas com a intenção de ferir o outro negociador, psicológica ou mesmo fisicamente, ou iludi-lo. As táticas sujas devem ser identificadas e neutralizadas;

• • Planejar e efetuar uma negociação sem buscar identificar os objetivos mínimos (necessários) do outro negociador. O outro sempre tem objetivos desejáveis e os minimamente aceitáveis;

• • Utilizar de forma inadequada os recursos disponíveis. O negociador hábil tem pelo menos duas características. Não faz acordos que venha a se arrepender e utiliza, da melhor maneira possível, os recursos que dispõe, sejam eles referentes a poder, tempo, ou informação;

• • Não identificar quais são as expectativas e os interesses comuns, complementares e opostos, o que acaba criando polarização e conflitos entre as partes. Comece a negociação pelos interesses comuns;

• • Descuidar-se de formular alternativas de ganho comum. Para poder formulá-las é necessário criatividade e uma boa dosagem entre pensamento convergente e divergente;

• • Não verificar quais os possíveis temores do outro negociador. Existe sempre uma série de temores subjacentes em grande parte das negociações, tais como ter o ego diminuído ou o status prejudicado, sobretudo perante o próprio eleitorado. É sempre bom ressaltar que todo negociador tem seu eleitorado e que, muitas vezes, suas ações são mais em função deste eleitorado do que de qualquer outra coisa. Deixe sempre uma saída honrosa para o outro;

• • Não identificar as intenções do outro. As posições numa mesa de negociação são decorrentes de atitudes mentais e de valores. É preciso, portanto, identificar se estamos diante de uma situação de colaboração, em que a premissa subjacente é a de que o bom negócio é bom para ambas as partes, ou seja, o ganha/ganha, ou se estamos diante de alguém que quer levar vantagem em tudo, ou seja, o ganha/perde;

• • Não atentar para o estilo e interesses do outro. Como decorrência apresentar argumentação sem nenhuma força persuasiva, distante do entendimento, da lógica, da emoção, das soluções e benefícios para o outro negociador. As pessoas estão interessadas, sobretudo, em soluções e benefícios;

• • Desconhecer os sinais verbais e não verbais ou processá-los de forma inadequada. Em todas as negociações são lançadas muitas deixas que só podem ser interpretadas corretamente por quem estiver atento à figura do outro negociador, isto é, vendo e ouvindo efetivamente. O negociador pró-ativo vê antes;

• • Não levar em conta o tempo de aceitação do outro. Todos nós diante de idéias diferentes temos um tempo para processá-las e aceitá-las. A compreensão deste tempo diferencia o bom do mau negociador. É preciso ter paciência, saber esperar ou fazer a hora e a vez;

• • Descuidar-se do clima da negociação. O clima de uma negociação pode ser de apoio ou defensivo e pode significar a diferença entre um desfecho bom para ambas as partes ou um impasse. Ajuda muito se você colocar primeiro os fatos, depois as opiniões;

• • Formular inadequadamente seus objetivos máximos (desejáveis) e mínimos (necessários). Isto ocorre, muitas vezes, porque na formulação destes objetivos não se leva em conta a nossa Madi, ou seja, a Melhor Alternativa Disponível no caso de um impasse na negociação. Como conseqüência, às vezes, cedemos mais do que devíamos. Outras vezes, ficamos intransigentes, para depois verificarmos que perdemos uma boa oportunidade;

• • Esquecer-se de que quem concede mal concede o dobro. A arte da concessão está em descobrir e valorizar o que é importante para o outro negociador e pouco importante para você e identificar a seqüência correta. Sempre leve em consideração que aquilo é importante para você pode não ter a menor importância para o outro negociador;

• • Não diagnosticar corretamente as causas dos impasses e, com isto, acirrar os impasses ou fazer concessões inadequadas. Lembre-se de que os impasses têm cargas emocionais acentuadas. Trate delas com muito cuidado e preveja saídas estratégicas para possíveis impasses;

• • Repetir constantemente as mesmas táticas, por falta de repertório. É sempre conveniente atentar que táticas percebidas a tempo podem ser neutralizadas e revertidas e, muitas vezes, irritam o outro negociador. Procure desenvolver um bom repertório de táticas de informação, tempo e poder;

• • Fazer a apresentação da proposta sem antes ter percorrido uma adequada fase de exploração ou sondagem. O bom negociador pergunta o dobro e compreende antes de se fazer compreender;

• • Negociar em equipe sem definir, previamente, papéis e códigos de comunicação. Defina também procedimentos para retiradas estratégicas;

• • Esquecer que a negociação só termina quando o acordo foi cumprido e não quando o acordo foi firmado. Tenha formas de avaliar e controlar o que foi acordado;

• • Não procurar aprender alguma coisa de cada negociação efetuada. A prática só é boa mestra para quem sabe aprender com ela. Quem não sabe comete sempre os mesmos erros e cada vez mais.

Estas são algumas das dificuldades e fraquezas de muitos negociadores. Convém refletir sobre elas e, se por acaso você se perceber em alguma destas situações, não seria nada mau buscar formas de superá-las. Com toda certeza, esta reflexão será mais rica caso você a faça com alguém com quem negocia freqüentemente. Só assim terá oportunidade de validar suas percepções.

Ah! Mas estou supondo uma coisa. Que o negociador tenha conhecimento do seu negócio. Caso contrário, é como andar de táxi numa cidade desconhecida. Você até pode chegar ao seu destino. O problema é que o caminho que vai percorrer pode se transformar numa longa história.

J.A. Wanderley é consultor do Instituto M. Vianna Costacurta - Estratégia e Humanismo (MVC)

O PROBLEMA EDUCACIONAL

O problema educacional (ou Sacrifícios de Mãe) Nº57
A pobre mãezinha levou o filhinho ao psicanalista porque ela era incapaz de comer qualquer coisa. Ou coisa alguma. Só gostava de comer o impossível. O médico examinou o crescimento mental do menino e recomendou à mãe (dele) que não forçasse o menino a comer o que ele não gostasse.
Percebia-se nitidamente que era um jovenzinho de formação extravagante a quem se deveria oferecer apenas pratos ímpares. Assim foi que a mãezinha, muito da psicanalítica, chegou em casa e perguntou ao filhinho o que é que ele gostaria de comer. O menino nem titubeou. Disse logo:
 "Uma largatixa".
Com grande repugnância e não menor dificuldade, a mãe(zinha) conseguiu caçar uma lagartixa e deu-a ao menino. O menino olhou a lagartixa com igual ânsia, um olho pra cá, outro pra lá, os dois olhos parando lá em cima e exclamou:
 "Come vuoí, mamma, que io mangi questa porcheria cosí cruda senza ne meno il doppio burro?" - ou seja: "Como é que a senhora pretende que eu coma essa porcaria assim crua: não tem sequer manteiga dupla?"
A mãe, sempre mãe, e mais mãe porque psicanaliticamente orientada, pegou a lagartixa, pô-la na frigideira e fritou-a como o menino desejava.
 Está bem agora? - perguntou ao menino.
 Não - respondeu a peste , ¾ parte ao meio.
A mãezinha tão Kleiniana, coitada!, fez o que o menino mandava. O menino olhou a mãezinha, a mãezinha olhou o menino, o menino mexeu um olho, a mãe baixou a cabeça meio centímetro, o menino mexeu o outro olho, a mãe voltou com a cabeça à posição anterior e aí o menino impôs:
 Eu só como a lagartixa se a senhora comer metade.
 Então come que depois eu como - disse a mãe.
 Não, você tem que comer primeiro - disse o menino.
A mãezinha sentiu uma golfada de nojo, mas, que ia fazer?, mãe é mãe e, além do mais, ela tinha tantas raízes iunguianas! Fechou os olhos e, para não sentir, com um gesto rápido, jogou metade da lagartixa dentro da goela, engoliu. O menino olhou-a firme, olhou a metade da lagartixa dentro na frigideira e começou a chorar:
 "Ah, ah, ah!… A senhora comeu exatamente a metade que eu gosto. Essa daí eu não como de jeito nenhum."
Moral: Quando você tiver de engolir um sapo, não há o que escolher. Mas quando tiver que engolir metade do sapo escolha sempre a metade que coaxa.
Submoral: Dizem alguns historiadores que a mãe pegou e deu uma bruta surra no garoto. Mas os historiadores que abraçam essa versão não sabem os terríveis traumas (ai, freudianos) que causam na infância esses choques físico-morais provocados por espancamentos. Todas as mães modernas preferem comer lagartixas.
Do livro: Fábulas Fabulosas Millôr Fernandes Círculo do Livro Instituto de Aprendizagem e Comunicação Empresarial

A ERA DA ÉTICA DE LEONARDO BOFF

A Era da Ética

As imagens de torturas a prisioneiros iraquianos, aliás cotidianas, segundo o NY Times de 31 de maio, nas prisões norte-americanas, são reveladoras do descalabro ético a que chegamos. Elas tem a ver com a crise de nosso paradigma civilizatório. Com efeito, a era que está terminando se fundou na vontade de conquista e dominação dos outros e da natureza, quase sempre com o recurso da violência direta. O capital, a acumulação privada de bens materiais, o consumismo, a competição, a exaltação do indivíduo e a espoliação dos recursos naturais caracterizam esta era. Junto a valores irrenunciáveis, não se pode desconhecer um legado perverso: uma humanidade barbarizada e dividida entre incluídos e excluídos, uma Casa Comum depredada e uma máquina de morte montada, capaz de destruir o projeto planetário humano e de afetar profundamente o sistema da vida. Tudo indica que ela já realizou suas virtualidades históricas. Sem capacidade de persuasão, precisa usar a violência para se manter, o que agrava sua situação. Se quisermos garantir nossa presença no processo evolucionário precisamos de outro arranjo civilizatório que nos crie condições de futuro e de sustentabilidade.

Em outras palavras, precisamos de uma revolução no sentido clássico da palavra, vale dizer, do estabelecimento de uma nova utopia, de um novo rumo com outras estrelas-guias que orientam a caminhada, desta vez, da humanidade como um todo. Embora com pretensões universalistas, todas as revoluções anteriores foram regionais. Agora importa que ela seja global porque globais são os problemas que exigem um equacionamento global. E ela é urgente, porque o tempo do relógio corre contra nós. Ou a faremos dentro de um tempo limitado (a ONU estabelece até o ano 2030, Joanesburgo até 2050) ou será tarde demais. O sistema-Terra-Humanidade perderá sustentabilidade. O impensável pode virar provável.
Sobre que base se fará esta revolução? Cristovam Buarque, nosso político-pensador, nos acenou para a pista verdadeira. Referindo-se à segunda abolição, a da pobreza, escreveu: precisamos de "uma coalizão de forças que se fará por razões éticas, muito mais do que por razões políticas".

Pensando na situação mundial eqüivale dizer: precisamos urgentemente de uma ética planetária para garantir nosso futuro comum. Como se fará isso? Não será em poucas linhas que desenharemos seu perfil, coisa que tentamos em nosso ensaio, fruto de muitos intercâmbios, Ethos Mundial, um consenso mínimo entre os humanos (Sextante 2004).

Mas precisamos antes de tudo uma utopia: manter a humanidade re-unida na mesma Casa Comum contra aqueles que querem bifurcá-la fazendo dos diferentes desiguais e dos desiguais dessemelhantes. Em seguida, precisamos potenciar o nicho onde irrompe a ética: a inteligência emocional, o afeto profundo (pathos) onde emergem os valores. Sem sentir o outro em sua dignidade, como semelhante e como próximo, jamais surgirá uma ética humanitária. Depois importa viver, no dia a dia, para além das diferenças culturais, três princípios compreensíveis por todos: o cuidado que protege a vida e a Terra, a cooperação que faz com que dois mais dois sejam cinco e a responsabilidade que zela pelas conseqüências de todas as nossas práticas para que sejam benfazejas. E por fim, alimentar uma aura espiritual que dará sentido ao todo. A nova era ou será da ética ou não será.

DEPRESSÃO NA INFÂNCIA

Depressão na infância

Médicos apontam necessidade de tratamento com terapia e
antidepressivos; doença atinge 5% das crianças no mundo


Depressão infantil ainda é encarada como exagero
LULIE MACEDO
(Folha de São Paulo - Cotidiano - 2/5/2004)


No início parecia manha. André*, 9, deu para fazer escândalo e evitar
a escola. "Não tenho força", dizia, chorando. Não queria brinquedos,
TV nem amigos. Brigava à toa, tudo o irritava. "É fase, coisa da
idade", pensava a mãe, Márcia*. Ou falta do pai, de quem se separou há
dois anos. Até que, na escola em que dá aulas, recebeu uma ligação de
casa, à noite:
- Mãe, volta agora? Estou triste, com vontade de morrer.
Márcia se assustou. Levou André à psiquiatra. Saiu de lá com uma
prescrição médica quase tão incomum quanto papo de morte em boca de
criança: terapia e dez gotas diárias de antidepressivo.
"Quando conto isso, as pessoas sempre acham absurdo. Primeiro se
espantam porque não acreditam que a doença possa aparecer em crianças,
depois dizem que dar antidepressivo para um menino de nove anos é
exagero."
Embora a depressão tenha perdido parte do estigma, ao menos duas
crenças continuam fortes: que se trata de mal exclusivo da maturidade
e que suas raízes estão no estresse dos tempos modernos. Quanto a esta
última afirmação, o problema é quase tão antigo quanto o homem. E as
estimativas calculam em 5% as crianças deprimidas no mundo.
Reconhecida no meio médico há apenas 20 anos, a depressão infantil é
uma variação da adulta, com características e sintomas parecidos, mas
que ainda permanece um mistério para pais, professores e boa parte dos
médicos.
A americana FDA (agência que regula alimentos e remédios) alertou
sobre o risco de o antidepressivo fazer aflorar tendências suicidas no
início do tratamento, especialmente em crianças e jovens.
É um ponto quase ignorado: o mundo do Prozac chegou à infância, mas
com os mesmos antidepressivos usados por pais e avós. Ninguém sabe, no
Brasil, quantas crianças estão sendo medicadas, mas sabe-se que cresce
o número de deprimidos infantis graves.
"Nem me assustei quando a psiquiatra falou que ela ia tomar
antidepressivo, daria qualquer coisa para tirar minha filha daquele
sofrimento", conta a empresária Luciana*, mãe de Daniela*, 10, há dez
meses com depressão grave.
É comum ainda os pais se sentirem culpados. "Os pais devem saber que
filho deprimido não é resultado de defeitos deles nem necessariamente
reflexo de falta de habilidade para educar", diz o escritor Andrew
Solomon, portador de depressão grave e autor de um estudo premiado
sobre a doença.


Desde o berço
A doença afeta até os bebês -se manifesta fisicamente, com alterações
na coordenação motora, distúrbios do sono, falta de apetite, apatia e
choro constante. A queixa física também surge em crianças maiores,
mas, diferentemente dos adultos, ela fica nervosa e agitada, em vez de
triste.
Acredita-se que a depressão é provocada por uma somatória de fatores,
que inclui temperamento, experiências de vida e, cada vez mais,
predisposição genética. Mas as dúvidas se estendem até a profissionais
de saúde. Quando Márcia foi pedir licença de trabalho para cuidar de
André, o clínico-geral a olhou com desconfiança: "Como é possível um
menino de nove anos estar com depressão?".
A questão é que, na cabeça de adultos, tristeza e infância não
combinam. "Basta você se lembrar da sua infância. Quem nunca se
preocupou em ser aceito pelo grupo, recuperar nota vermelha ou
corresponder às expectativas dos pais?", diz a psiquiatra infantil
Paramjit T. Joshi, coordenadora da divisão de psiquiatria do
Children's National Medical Center, um dos principais hospitais
pediátricos dos EUA.
E como separar a mudança típica da idade da patológica? "Uma forma é
comparar a mudança de comportamento com o que era anteriormente a
criança", sugere Lee Fu I, do departamento de psiquiatria infantil do
Hospital das Clínicas paulistano. "Se a criança era extrovertida e de
repente se isola, pode haver um sinal."
Lidera a lista de situações familiares que "disparam" uma crise
depressiva a briga dos pais, seguida por perdas (de pessoas, animais,
coisas) e situações que expõem a criança a questões que sua faixa
etária não consegue entender: problema financeiro da família,
separação paterna, solidão e necessidade de se virar sozinhas.
Mas há o gatilho químico, uma "falha" no equilíbrio dos
neurotransmissores das sensações de prazer e bem-estar. Essa falha
seria transmitida geneticamente, ativada por fatores externos.
Ou seja: predisposição genética conta, mas deve haver combinação entre
a parte biológica, temperamento e experiência de vida.
A escola é fundamental no diagnóstico. "Quase sempre há queda no
rendimento escolar no quadro depressivo, principalmente em disciplinas
que exigem atenção, concentração e memorização", diz a psicóloga
Miriam Cruvinel, doutoranda pela Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas).
Importam também os pediatras e médicos de família, já que as queixas
físicas sem causa comprovada estão entre os sintomas freqüentes da
depressão infantil.
Para a psiquiatra Lee Fu, o médico de família é o alvo do alerta da
FDA. Como o sistema de saúde dos EUA é estruturado em torno deles (nem
sempre preparados para diagnosticar a depressão infantil), eles acabam
receitando antidepressivos sem calcular o risco de efeitos
indesejados.


Medo
Até profissionais de saúde mental ainda têm medo de falar sobre
suicídio com a criança e os pais. "O remédio não põe idéia suicida
onde ela não existe. Mas se aquilo já está lá, latente, o
antidepressivo pode trazer à tona", diz Lee Fu.
Mark Riddle, chefe da divisão de psiquiatria de crianças e
adolescentes do hospital Jonhs Hopkins (EUA), também defende a
medicação: "A maioria dos efeitos colaterais ocorre no início do
tratamento, e uma hipótese para isso é que a energia física costuma se
restabelecer antes do intelecto, portanto o paciente pode acabar
recuperando vitalidade suficiente para tomar uma atitude, caso já
exista uma idéia suicida."
Mas é preciso dizer que, sem tratamento, a doença deixa marcas a longo
prazo. "A criança está em formação, e, se parte da infância é
eclipsada pela depressão, ela se torna propensa a incorporar para
sempre esse estado de humor", diz Andrew Solomon.


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* Nomes trocados para preservar os personagens infantis


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Equipe SC-Semana Cultural
E-mail:cultural.sem...@gmail.com
....................................................
Responsáveis:


Imma Marques
Sabina Vanderlei
Sandra Cássia

CRIANÇA ÍNDIGO

CIENTISTAS RUSSOS ESTUDAM FENOMENAL GAROTO ÍNDIGO


Há anos os espíritas dizem que a Terra está recebendo espíritos muito atrasados para que eles tenham uma última chance de se redimir e continuar junto dos seus.
Também dizem que muitos espíritos mais evoluídos deverão reencarnar para ajudar na transição.
A Terra passará por um grande cataclismo, onde os seres humanos morrerão em massa.
Isso porque a Terra deixará de ser um orbe de expiação como é hoje para se tornar um orbe de regeneração; nela só poderão permanecer os espíritos que conseguirem passar neste estágio.


CIENTISTAS RUSSOS ESTUDAM FENOMENAL GAROTO ÍNDIGO


O garoto fenômeno intelectual e paranormal, chamado Boriska, tem como mãe Nadezhda, uma dermatologista de uma clínica pública russa e se graduou no Instituto Médico de Volgograd por volta de 1991. O pai dele é um funcionário público aposentado.

Os cientistas russos assumem publicamente suas pesquisas sobre espiritualismo abordando a reencarnação reconhecida cientificamente e a existência de vida extraterrestre.

Eis o texto completo, traduzido de uma das reportagens do PRAVDA, assinada pelo jornalista e cientista Gennady Belimov:
Em 11 de Janeiro de 1996, uma criança incomum nasceu na cidade de Volzhsky, na região de Volgograd, Rússia. Sua mãe, Nadezhda Kipriyanovich, descreve O trabalho de parto: 'Foi muito rápido e não senti nenhuma dor. Quando me mostraram o bebê, ele me olhava fixamente com seus grandes olhos castanhos. Como médica, eu sei que não é habitual entre naciturnos esse olhar concentrado. Exceto esse fato ele parecia um bebê normal.'

Quando saiu da maternidade, de volta ao lar, Nadezhda começou a perceber que o menino, chamado Boris, tinha um comportamento singular: raramente chorava e nunca solicitava qualquer alimento. Ele crescia como as outras crianças, mas começou a falar frases inteiras aos oito meses. Com um ano e meio, lia jornais. Os pais deram a ele um jogo de peças para montar figuras e ele começou a elaborar peças geométricas combinando diferentes partes com precisão. 'Eu tinha a impressão de que nós éramos como aliens para ele, aliens com os quais ele estava tentando se comunicar' - disse a mãe de Boris ou Boriska, como é chamado pela família.

Boriska começou a desenhar figuras que, à primeira vista, eram abstrações nas quais se misturavam tons de azul e violeta. Quando
psicólogos examinaram os desenhos, disseram que o garoto estava,
provavelmente, tentando representar a aura das pessoas que via ao seu redor. Aos três anos, Boris começou a conversar com seus pais sobre o Universo. Ele sabia nomear todos os planetas do Sistema Solar e seus respectivos satélites. Ele falava também nomes e número de Galáxias. Isso pareceu assustador e a mãe pensou que seu filho estava fantasiando; por isso, resolveu conferir se aqueles nomes realmente existiam. Consultou livros de astronomia e ficou chocada ao constatar que Boris, de fato, sabia muito sobre aquela ciência.

Os rumores sobre o 'menino-astrô nomo' espalharam-se rapidamente na cidade. Boriska tornou-se uma celebridade local e as pessoas começaram a visitá-lo para ouvi-lo falar sobre civilizações extraterrestres, sobre a existência de antigas raças humanas cujos indivíduos mediam três metros de altura, sobre o futuro do planeta em função de mudanças climáticas.
Todos ouviam aquelas coisas com grande interesse embora não acreditassem nas histórias.

Os pais decidiram batizar o filho, cogitando que talvez fosse uma
questão espiritual pois acreditavam que havia algo errado com Boris. Mas o fenômeno não cessou: Boriska começou a falar às pessoas sobre seus 'pecados'. Um dia, na rua, abordou um rapaz e admoestou-o por usar drogas; falava com certos homens para parar de bater em suas mulheres; prevenia pessoas sobre a iminência de problemas e doenças.

O menino sofre com o conhecimento prévio de desastres naturais ou
sociais: durante a crise do Beslan, recusou-se a ir à escola enquanto
durou o ataque. Quando perguntaram a ele o que sentia sobre o assunto respondeu que era como se algo queimasse dentro dele. 'Eu sabia que o caso todo teria um final terrível' - disse Boriska.

Sobre o futuro do planeta, ele adverte que a Terra passará por duas situações muito perigosas nos anos de 2009 e 2013, com a ocorrência de catástrofes relacionadas à água.

Especialistas dos Instituto de Estudos do Magnetismo Terrestre e Ondas de Rádio da Academia Russa de Ciências (Institute of Earth Magnetism and Radio-waves of the Russian Academy of Sciences) fotografaram a aura de Boriska que mostrou-se forte, nítida de modo incomum. O professor Vladislav Lugovenko analisa: 'Ele apresenta um espectograma laranja, O que significa que é uma pessoa alegre, positiva, com um intelecto muito poderoso.
Existe uma teoria de que o cérebro humano possui dois tipos básicos de memória: a memória de trabalho (consciente, voluntária) e a memória remota. Uma das habilidades do cérebro é salvar informações sobre a experiência, sejam emoções ou pensamentos, em uma dimensão que transcende o indivíduo. Essas informações são capturadas por um singular campo informacional que faz parte do Universo. Poucas pessoas são capazes de acessar informações contidas nesse campo.'

Ainda segundo Lugovenko, é possível medir as faculdades extra-sensoriais das pessoas com o auxílio de equipamentos especiais e através de procedimentos muito simples. Cientistas de todo o mundo têm-se se empenhado na pesquisa desses fenômenos a fim de revelar o mistério destas crianças extraordinárias, como o garoto Boris. Um dado interessante é que nos últimos 20 anos, bebês dotados de habilidades incomuns têm nascido em todos os continentes.

Os especialistas chamam estas crianças de 'indigo children' ou'crianças azuis', possivelmente uma referência ao avatar indiano Khrisna (figura ao lado) que, segundo a lenda, era azul. 'Boriska é uma dessas crianças.
Aparentemente, as 'crianças azuis' tem a missão especial de promover mudanças em nosso planeta. Muitas delas têm as espirais do DNA notavelmente perfeitas o que lhes confere uma inacreditável resistência do sistema imunológico capaz de neutralizar a ação do vírus da AIDS. Eu tenho encontrado crianças assim na China, Índia, Vietnam entre outros lugares e estou certo de esta geração mudará o futuro da nossa civilização.

Enquanto as agências espaciais tentam encontrar sinais de vida no planeta Marte, Boriska, aos nove anos, relata aos seus parentes e amigos tudo o que sabe sobre a civilização marciana, informações que ele recorda de uma vida passada. Um jornalista russo entrevistou recentemente o menino sobre sua experiência como habitante de Marte:

ENTREVISTADOR - Boriska, você realmente viveu em Marte como dizem as pessoas da vizinhança?
BORISKA - Sim, eu vivi, é verdade. Eu tinha 14 ou 15 anos. Os marcianos faziam guerra todo o tempo e eu tinha de participar daquilo. Eu podia viajar no tempo e no espaço, podia voar em naves espaciais e também pude observar a vida no planeta Terra. As naves marcianas são muito complexas e podem se deslocar pelo Universo.

ENTREVISTADOR - Existe vida em Marte atualmente?
BORISKA - Sim, existe, mas o planeta perdeu sua atmosfera há muitos anos atrás como resultado de uma catástrofe global. O povo marciano ainda vive em cidade nos subterrâneos. Eles respiram gás carbônico.

ENTREVISTADOR - Qual é a aparência dos marcianos?
BORISKA - Eles são muito altos, uma altura média de sete metros. Eles possuem capacidades inacreditáveis. Boriska fala de Marte mas também tem lembranças de suas observações sobre Terra naquela existência passada: ele foi testemunha da destruição da lendária civilização da Lemúria, 'a maior catástrofe que já aconteceu neste planeta. Um continente gigante foi engolido por terríveis tempestades oceânicas. Eu tinha um amigo lemuriano que morreu na minha frente esmagado por uma rocha. Não pude fazer nada. Nós estamos destinados a nos reencontrar em algum momento desta vida.' Sobre o Egito, Boriska diz que existe um conhecimento precioso oculto sob uma pirâmide que ainda não foi descoberta: 'A vida vai mudar quando a Esfinge for aberta. A Esfinge tem um mecanismo que aciona uma abertura secreta. O mecanismo está atrás da orelha.'

Quanto ao aumento de nascimentos de crianças especialmente dotadas, o garoto informa que isto é decorrência do fato de que 'chegou a época' propícia para que elas venham à Terra porque o 'renascimento do planeta se aproxima... Eles estão nascendo e estarão preparados para ajudar as pessoas... Amar seus inimigos, essa é a Lei.

Você sabe porque o lemurianos pereceram? Porque eles não investiram no desenvolvimento espiritual e mergulharam nas práticas da Magia desconsiderando esta Lei.

O amor é a verdadeira mágica!'. Boris encerrou a entrevista dizendo:
Kailis, e o entrevistador perguntou:

ENTREVISTADOR - O que você disse?
BORISKA - Eu disse Olá. Essa é a língua do meu planeta.


A URL desta reportagem, no site em inglês do Jornal PRAVDA, Rússia:
http://english.pravda.ru/science/19/94/378/16387_Boriska.html

BROTOS CASEIROS

Brotos caseiros



Fonte de energia vital, suprem o organismo de inúmeras vitaminas e minerais essenciais à boa saúde

Ingredientes
1. Grãos de agrião, alfafa, arroz integral, feijão azuki, gergelim, girassol sem casca, lentilha. Utilizar 3 colh. sopa de(os) grão(s) preferido(s), mas em recipientes separados.
2. Água filtrada.
Modo de preparar
1. Coloque as 3 colh.sopa de grãos em um vidro e cubra com um filó, perfex ou tela de peneira.
2. Deixe de molho por uma noite (exceção o girassol sem casca que precisa apenas de 4 horas).
3. Retire toda a água e enxágüe bem sob a torneira.
4. Coloque o vidro com a abertura para baixo sobre um escorredor e cubra com um pano.
5. Enxágüe 2 vezes ao dia, pela manhã e à noite.
6. Colocá-lo em ambiente arejado porém escuro: dentro de um armário, debaixo da pia, ou outro ambiente, mas sempre escuro, pois na claridade os brotos crescem mais lentamente.
7. Os grãos germinados estão prontos para serem consumidos após um período variável:

Agrião após 6 a 8 dias
Alfafa após 3 a 4 dias
Arroz após 4 a 5 dias
Feijão azuki após 4 a 5 dias
Gergelim após 2 a 3 dias
Girassol s/ casca. após 4/5 horas
Lentilha após 3 a 4 dias
Fonte: apostila "Alimentação Natural"de Alexandre Pimentel

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PENSAMENTO

PENSAMENTO

Entrevista realizada por Wladimir Ballesteros, na Radio Capital, em São Paulo, em fev/2004, para o apresentador do Programa Eubiose e você, Walter Andrade.

1. Wladimir, você poderia iniciar fazendo uma breve explanação sobre essa força intangível e invisível que é o pensamento.

O pensamento, efetivamente, é o motor que move as nossas vidas.
O ser humano trás em si, através do pensamento, todas as possibilidades de manifestação, sejam elas positivas ou negativas. Tudo depende de como dirigimos a nossa mente através do nosso livre arbítrio e da nossa Vontade.

Temos de ter presente que o Universo está totalmente preenchido por partículas atômicas, dos mais diversos graus de sutileza. Quando nós pensamos, o nosso cérebro emite ondas similares as ondas de rádio que neste momento transportam a minha voz aos ouvintes.

O pensamento provoca ondas que se propagam no espaço invisível. Essas ondas atingem as partículas atômicas existentes nesse espaço invisível, atraindo as de tal forma que elas respondem imediatamente à natureza do pensamento que acaba de ser emitido pelo seu criador. Imediatamente é formada uma imagem correspondente ao pensamento emitido, a qual fica ao redor do seu criador.

Essa imagem gerada pelo pensamento irá durar pelo tempo proporcional à força que a gerou, ou seja: o tempo que foi despendido para aquele pensamento, a sua potência, e a sua precisão. Esses fatores irão influir na duração daquilo que denominamos formas pensamento.


2. O que acontece com essas formas pensamentos que são constantemente geradas pelo ser humano?

Eu vou tentar dividir essa pergunta em duas partes que eu considero essenciais para uma melhor compreensão desse tema.

Primeiro temos de ter presente a natureza do pensamento no que diz respeito as coisas materiais, e portanto, concretas, as quais tomam formas definidas , como por exemplo, se eu penso na casa dos meus sonhos eu acabo, naturalmente, imaginando essa casa de alguma maneira que vá de encontro aos meus desejos de obtê-la algum dia. A onda proporcionada pelo meu pensamento, ao tocar as partículas atômicas existentes no espaço , aparentemente vazio,responderá àquele impulso e imediatamente se formará diante da minha mente a imagem do objeto pensado.



Para que os ouvintes possam compreender melhor, é como ler uma revista em quadrinhos onde aquilo que é pensado, seja em imagem ou palavras é traduzido por algumas bolinhas saindo da cabeça do personagem e logo em seguida , dentro de um circulo maior, aparece o que foi pensado. Acho que é uma comparação que facilita a compreensão deste assunto.

Além desses pensamentos, produzimos aqueles que não possuem uma definição para a nossa mente racional, e que se expressam através de sentimentos e sensações que obviamente não possuem uma forma definida por pertencerem às coisas abstratas, como por exemplo um sentimento de felicidade. Todos sabemos que a expressão desse sentimento se traduz por alegria, bem estar, etc., entretanto, não possui uma forma que nos permita identificá-lo.

Portanto, esses pensamentos, decorrentes de valores abstratos, se traduzem em formas e cores compatíveis com a energia que é gerada pelo seu criador.

As poucas pessoas que possuem o sentido da visão mais desenvolvido, ao que se dá o nome de clarividência, que nada mais é do que a possibilidade de poder enxergar outros planos mais sutis da natureza , são capazes de observar essas imagens que conforme já disse se apresentam com formas variadas e em cores. A grande maioria se apresenta como manchas coloridas.

Agora, respondendo a sua pergunta, sobre o que acontece com as formas pensamento geradas por cada ser humano, depende muito de alguns fatores que nós falamos antes, ou seja , a natureza do pensamento, sua potência, precisão e duração.

Se nós repetimos por diversas vezes um pensamento, o resultado é que esse pensamento tende a durar muito mais tempo do que outros pensamentos vagos que temos, pois a sua repetição gera uma alimentação constante daquilo que chamamos de forma pensamento, e então passa a haver uma retro alimentação, um canal neural ; o pensamento é alimentado pelo seu criador e aos poucos vai se fortalecendo , a ponto de se potencializar de tal maneira, que passa também a alimentar o seu criador. Um nutre o outro. Quando isso ocorre, é como se houvesse a criação de um ser, que embora independente, pois possui energia própria decorrente da matéria atômica com a qual foi formado, passa a interagir com o seu criador e a fazer parte do seu mundo, podendo afetar a sua personalidade, e até mesmo passar a fazer parte do seu caráter.



3. Como é que os pensamentos podem afetar, de forma positiva ou negativa, as nossas vidas, e que tipo de influência pode ser causada nas pessoas que fazem parte do nosso convívio?



Eu gostaria de inciar a resposta dessa pergunta mencionando uma frase de Prof. Henrique José de Souza em que ele diz:

“ Não devemos alimentar pensamentos impuros e idéias indignas , porque elas tomam forma , agigantam-se e acabam por se tornar inimigos terríveis tanto de quem as põe em prática quanto de quem continua a alimentá-los indefinidamente. São criações perigosas, para seus donos e para todos os que dele se aproximam. ”

Isso significa que a qualidade do pensamento interfere diretamente na qualidade de vida da pessoa e poderá interferir na qualidade de vida das outras pessoas com as quais ela convive ou pensa a respeito. De que forma? Ora, se o pensamento é uma energia que esta presente, fazendo parte do meu ser, na medida que eu emito pensamentos positivos e construtivos estarei ,sem dúvida nenhuma, beneficiando a mim mesmo , e àquelas pessoas que de alguma forma eu tenho contato permanente ou transitório, bem como aquelas pessoas sobre as quais eu não tenho um contato pessoal mas que estão presentes no meu pensamento.

Quando eu gero pensamentos positivos, as pessoas que estiverem na mesma sintonia também se beneficiarão dessa energia positiva. O mesmo irá ocorrer com o pensamento negativo, somente que de forma inversa ; vou criar um mal estar para mim mesmo, além de poder causar o mesmo nas outras pessoas.

Recentemente houve uma publicação científica efetuada por pesquisadores da Universidade de Wisconsin nos EUA, onde eles conseguiram comprovar através de estudos que o pensamento negativo faz mal à saúde.

O médico Richard Davison estudou 52 pessoas com idade entre 57 e 60 anos. Foi pedido a algumas pessoas que pensassem em algo lhes tivessem feito muito felizes durante suas vidas, enquanto que para outras foi pedido que pensassem em algo que lhes houvesse deixado muito triste, com raiva ou medo.

Durante o processo houve a medição da atividade elétrica do cérebro tanto da parte esquerda associada aos pensamentos negativos quanto da parte direita , associada aos pensamentos positivos. A partir daí foram aplicadas vacinas contra gripe em todos os pacientes. O resultado foi que aqueles pacientes que pensaram sobre os fatos negativos tiveram os piores níveis de imunidade contra a gripe, demonstrando como o pensamento negativo trabalhou contrariamente à eficiência das vacinas.

4. Baseado no que já pudemos conversar a respeito desse assunto, se poderia então dizer que através do pensamento nós somos capazes de enviar e atrair energias compatíveis, e obviamente desfrutar ou sofrer as conseqüências numa razão direta?





É isso, nós temos a capacidade de sintonizarmos a energia que nós queremos sintonizar através dos nossos pensamentos, ou seja, se temos pensamentos bons e positivos criamos a possibilidade de interagirmos com as energias positivas das pessoas e do cosmo, ao passo que as energias negativas nos trazem o fiel da balança que é a possibilidade de interagirmos com o que é negativo. Ora, se eu pensar o tempo todo, que algo errado está para me acontecer é muito provável que isto se transforme em realidade.


5. Pelo que pudemos ver até aqui, a respeito desse assunto, se uma pessoa muito negativa ou até mesmo má; aquele tipo de pessoa que deseja mal para os outros, seja por um sentimento exagerado de inveja , de raiva, ou até mesmo aquelas pessoas que nutrem um sentimento de vingança em relação ao próximo, significa que essas pessoas , de alguma forma , irão afetar aquelas pessoas sobre as quais elas pensam essas coisas?
Excelente pergunta. Existe um ditado popular que diz o seguinte: “o feitiço se volta contra o feiticeiro”. O significado desse ditado popular é de grande sabedoria, pois se nós tivermos presente que o pensamento é uma energia, e que essa energia se propaga através de uma onda similar a onda de rádio, como nós já tivemos oportunidade de falar, essa onda precisará encontrar um aparelho receptor, e quem é esse aparelho receptor? é justamente a pessoa que vibra na mesma sintonia da energia que lhe foi enviada . Ora, se a qualidade dos pensamentos dessa pessoa para qual foram dirigidos os maus pensamentos, não estiver vibrando na mesma sintonia, essa energia enviada, simplesmente não a atingirá. Podemos ilustrar isso, considerando que o emissor do pensamento mora no segundo andar de um prédio, e o receptor mora no décimo andar do mesmo prédio, portanto, a onda do emissor não alcança o morador do décimo andar. Normalmente, o que ocorre nesses casos, é que a energia retorna ao seu próprio criador. Daí o ditado popular de que “o feitiço se volta contra o próprio feiticeiro”.

Então, nós podemos dizer, com muita convicção, que as pessoas que pensam positivo e nutrem pensamentos positivos criam para si uma proteção natural, além de beneficiar o próximo, e em especial, aquelas pessoas com as quais mantém um convívio mais intenso.


6. Mas de alguma forma, as pessoas acabam ,muitas vezes, nutrindo pensamentos que nem elas mesmo gostariam de nutrir . Como é então que se pode modificar a maneira de pensar?



A chave dessa questão reside no fato de se cultivar os pensamentos positivos em todos os sentidos, se aprofundar neles, tanto para as ações que serão praticadas, seja no trabalho , na escola, com a família, etc., como também para os sonhos que se alimenta e que se objetiva realizar.

Dessa forma vai se eliminando o espaço que dá margem aos pensamentos de natureza negativa além de se iniciar a construção de uma nova forma de ver o mundo e a própria vida. Paralelamente se deve manter os sentidos alerta, de tal forma que não se dê vazão àquilo que não interessa, àquilo que não se quer alimentar, àquilo que acaba se tornando um elemento perturbador , um ser criado pela própria pessoa e que continua a ser alimentado e fortalecido por ela.

Isso é plenamente possível de ser alcançado por qualquer pessoa que realmente deseje se transformar , tornando-se assim um ser capaz de irradiar e de criar coisas boas e positivas, o que certamente contribuirá para um mundo melhor , lembrando novamente que no Universo não há espaço vazio, ele é pleno de energia, de átomos das mais diversas naturezas, e nós interagimos com todas essas forças . Se homem pensa e cria positivamente o Universo conspira a seu favor, lembrando que a recíproca é verdadeira, formando assim o equilíbrio de forças que se dá através da lei universal da polaridade, e à qual toda a manifestação está sujeita. Portanto, a mesma força que o pensamento tem para construir, tem para destruir; pode atrair ou repelir, pode funcionar como bálsamo ou como veneno. Através do livre arbítrio, comandado por uma Vontade Superior, que não deve ser confundida com o desejo, cada ser humano, através do seu pensamento positivo, pode dar uma contribuição inestimável nesta sua jornada na face da Terra.