quarta-feira, 16 de julho de 2008

Espiritualidade X Dependência química

Revista Planeta, Edição 356, Maio/2002 -
http://www.terra.com.br/planetanaweb/356/materias/356_como_vencer_dro...

Como Vencer as Drogas

Considerada hoje uma doença incurável, a dependência de álcool
e drogas só pode ser controlada, geralmente, a partir do momento
em que o indivíduo admite o vício, toma consciência do estrago que
ele está fazendo em sua vida e decide buscar ajuda em grupos de apoio,
como os Alcoólicos e os Narcóticos Anônimos.
Por Vera Lúcia Franco
(Contatos com Vera Lúcia Franco podem ser feitos pelo telefone
(11) 5549-4742 ou pelo e-mail vluciafra...@terra.com.br)
David Filmer/Sipa-Press
As drogas sempre estiveram presentes na história da humanidade. Há
indícios do uso de plantas alucinógenas em vários cultos pagãos, como
no xamanismo, prática que tem entre 10 e 15 mil anos e busca, através
do transe, viajar ao mundo dos espíritos e de seus ancestrais. O
álcool, por sua vez, era originalmente extraído dos sucos de frutas
fermentadas, já existindo referência ao seu uso a partir do período
neolítico, cerca de 10.000 a 8.000 a.C. O culto a Dionísio, deus do
vinho entre os gregos, esteve presente em diversas culturas e lendas
indo-européias, nas quais assimilou divindades locais e assumiu
diferentes nomes.
Ao que tudo indica, a relação de dependência e vício entre homem e
plantas teve origem na descoberta, por parte de nossos ancestrais, de
que a auto-administração de certas espécies poderiam diminuir a dor,
curar doenças, possibilitar maior energia, aguçar atividades
cognitivas e proporcionar mais sensibilidade. E, a partir do momento
em que o homem começou a dominar tecnologicamente a vida, passou a
produzir drogas cada vez mais potentes e escravizantes, como pôde
experimentar o século 19 através da espantosa variedade de drogas e
estimulantes obtidos com a exploração de novas terras. São exemplos
disso o ópio, o tabaco, que foi disseminado em todas as classes
sociais, e o álcool destilado, que passou a ser produzido e utilizado
em quantidades cada vez maiores. Foi, porém, no século 20 que se fez,
realmente, sentir o impacto da disseminação do uso das drogas.
De acordo com os efeitos psicoativos buscados pelo homem, as drogas
podem se dividir em pelo menos três grupos:
1 - Drogas mágicas – Capazes de proporcionar formas especiais de
embriaguez, caracterizadas por estados de onirismo e êxtase,
acarretando novas experiências dos órgãos dos sentidos e do corpo,
alucinações, ilusões, estados de despersonalização e desrealização,
viagens fora do tempo e espaço com extinção da realidade cotidiana.
Estão aqui incluídos:
Martinez
No xamanismo, as plantas alucinógenas são utilizadas para se entrar em
contato com o mundo dos espíritos.
• O LSD, ou ácido lisérgico, sintetizado em 1938. Inicialmente foi
utilizado no campo experimental psiquiátrico. De fácil fabricação e
custo moderado, foi muito utilizado na década de 60 por conta de seus
grandes efeitos em pequenas doses e por um culto quase místico de
alguns grupos. Causou muita polêmica a música Lucy in the Sky With
Diamonds, dos Beatles, uma vez que suas iniciais sugeriam a droga.
• A Cannabis sativa, os derivados do cânhamo-índio, cujas folhas,
talos e resina secretada são utilizados de várias maneiras na
preparação de tabaco, fumado na forma de cigarros, conhecidos como
baseados. Aos preparados das folhas e flores se dá o nome, no Brasil,
de maconha (a marijuana de mexicanos e americanos); os preparados à
base de resina são denominados haxixe.
Essas drogas causam transtornos vegetativos, neurológicos, sensações
de euforia e felicidade, de excitação, perda da noção de tempo e
espaço, alucinações e maior sensibilidade dos órgãos dos sentidos.
2 - Drogas psicoestimulantes – Proporcionam uma diminuição da fadiga,
um acréscimo de energia e de atividade, uma excitação eufórica. São
elas as anfetaminas, os derivados da coca, etc.
3 - Drogas diminuidoras de estados de tensão e de sofrimento –
Ocasionam sossego ou um grau de euforia variável. Incluem-se aqui a
morfina, o ópio e seus sucessores sintéticos (como a heroína), os
hipnóticos barbitúricos e não-barbitúricos, os analgésicos, os
tranqüilizantes e o álcool.
O LSD foi muito utilizado em experiências psiquiátricas.
Há um quarto grupo, que tem efeitos secundários ao agir sobre o
psiquismo: determinados remédios para a tosse, certos medicamentos
contra enjôo, antiasmáticos, antiestamínicos, antiparkinsonianos e
alguns produtos industriais, como solventes, acetona, cola, etc.
A produção de drogas, porém, não pára por aí, pois o desenvolvimento
da tecnologia na síntese de moléculas orgânicas complexas e a
compreensão da mecânica molecular dos genes vêm contribuindo muito
para se projetar novas drogas, tais como os anabolizantes, tão
populares entre os adolescentes e os atletas, e o Ecstasy, cujo
aumento do consumo vem se mostrando assustador em vários países,
chegando mesmo, segundo a ONU, a superar o da cocaína. Essa não é uma
droga vendida por traficantes comuns, pois pode ser reproduzida em
pequenos laboratórios; assim, seu trânsito é fácil e o controle do
tráfico complicado. Não é preciso dizer que, além de sérios prejuízos
à saúde – irreversíveis mesmo após a pessoa abster-se de seu uso –, o
Ecstasy também pode ser letal.
É triste ver diariamente as vítimas das drogas estampadas em revistas
e jornais, quer sejam usuários, quer sejam as vítimas da violência
criada pelo tráfico. Mais triste ainda é ver o circo da guerra às
drogas promovido pelos governos, que dificilmente surte algum efeito,
porque ora são lentos, ora ineficientes, ou porque quem deveria
combater o crime está em evidente aliança com os cartéis
internacionais.
E o que falar da propaganda que circula livremente pelas televisões,
incentivando o consumo de cigarros (agora já mais combatido) e de
álcool, vícios permitidos socialmente? São anún-cios "inocentes", que,
através de belas mulheres e jogos de sedução, por exemplo, fazem um
convite ao prazer proporcionado por essas drogas.
Prensa Três
Normalmente consumida na forma de cigarros, a maconha causa uma
sensação de euforia e felicidade, aumentando a sensibilidade dos
sentidos.
A produção do álcool é estimulada tanto pelo Estado quanto pela
população (o setor contribui com considerável fatia do PIB). No
entanto, o alcoolismo é tão daninho quanto o consumo de qualquer outra
droga. É um dos problemas mais graves da atualidade, uma das maiores
causas de auxílio-doença na Previdência Social, motivo de acidentes de
trabalho, de trânsito e elevada porcentagem de crimes.
Para efeito de tratamento, tanto as toxicomanias como o alcoolismo são
considerados sob o mesmo rótulo, ou seja, o das dependências químicas.
A diferença está na legalização de seu uso. Dá-se o nome de
dependências aos hábitos repetitivos, que, quando nos entregamos a
eles sem limites, tornam-se verdadeiras obsessões. Podemos ficar
obcecados (ou dependentes) por quase tudo: por comida, café, jogo, TV,
fumo, sexo e até mesmo pelo trabalho.
Todos nós tendemos a apresentar, em maior ou menor escala, algum tipo
de dependência, mas o que pode dimensioná-la é o seu uso ser proibido
e o seu excesso condenável. Até o final do século 18, os toxicômanos
eram considerados criminosos. Com o advento da psicanálise, eles
passaram a ser vistos como pessoas que precisavam de ajuda. Essa já
era uma abordagem mais compreensiva do problema, mas a dependência da
droga ainda era incluída na categoria das perversões e dos transtornos
de caráter, nos quais estão caracterizadas as psico e sociopatias, o
que reforçava a marginalidade do viciado. Como as drogas passaram a se
configurar como um fenômeno de massa, seus usuários deixaram de ser
estigmatizados. Somente no século 20, porém, é que surgiu a noção de
vício como uma doença, definição que norteia hoje os programas
utilizados no tratamento tanto das drogadicções quanto do alcoolismo.
Mais recentemente, ela está sendo aplicada também no tratamento de
muitos comportamentos que têm caráter compulsivo, como a bulimia, o
jogo, a promiscuidade, etc.
A dependência química é vista como uma doença incurável, que pode ser
abrandada somente quando o indivíduo chega ao fundo do poço e,
finalmente, consegue conscientizar-se do que está vivendo. A partir de
um certo ponto, a necessidade da droga não conhece mais limite nem
controle. Por conta dela, a pessoa é capaz de mentir, roubar, enganar
e denunciar amigos. Enfim, pode fazer qualquer coisa para obter a
droga, que a aprisiona cada vez mais, já que o seu livre-arbítrio vai
se reduzindo, até desaparecer.
Graças à crença de que a dependência química é uma doença para a qual
abstenção é fator primordial, e diante dos bons resultados com os
dependentes de álcool, a terapêutica que norteia a irmandade
denominada A.A., Alcoólatras Anônimos (o termo alcólatra foi
substituído recentemente por alcoólico, por se entender que o primeiro
carrega um estigma), também está sendo utilizada no tratamento dos
viciados em narcóticos, formando-se assim os Narcóticos Anônimos
(N.A.).
Prensa Três
Bebidas alcóolicas: a contribuição no PIB torna o Estado complacente
com os fabricantes, que podem comercializar o produto legalmente.
Tanto o programa do A.A. como o do N.A. têm a função de criar uma
estrutura dentro da qual o indivíduo passe por uma total
reorganização, retomando a direção da própria vida. O roteiro de
tratamento chama-se 12 Passos, os quais exibem muitos paralelos com o
caminhar de uma senda esotérica. O uso do número 12 mostra que a
tarefa se dirige à recuperação da totalidade psíquica do indivíduo.
Vemos o número 12 presente, por exemplo, nos 12 signos do zodíaco, nos
12 trabalhos de Hércules ou nos 12 apóstolos. Esse trabalho
terapêutico com alcóolicos e drogados envolve 12 provas difíceis, que
vão mexer com grandes dificuldades do indivíduo, como a negação da
doença e o orgulho que não permite perceber sua própria derrocada.
Os 12 Passos do A.A. afirmam:
1. Admitimos nossa impotência perante o álcool e que havíamos perdido
o controle sobre nossas vidas.
2. Passamos a acreditar que um poder superior a nós poderia nos
restaurar a sanidade.
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus,
na forma que O concebemos.
4. Fizemos um minucioso e destemido inventário de nós mesmos.
5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser
humano a natureza exata de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus remova todos os
defeitos de caráter.
7. Humildemente pedimos a Ele que remova nossas imperfeições.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e
nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9. Sempre que possível, fazemos reparações diretas dos danos causados
a outrem, salvo quando tal atitude signifique prejudicá-los ou a
outros.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estivermos
errados, nós o admiti-remos prontamente.
11. Procuramos, através da prece e meditação, melhorar nosso contato
com Deus, na forma em que O concebemos, rogando apenas o conhecimento
de sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual graças a esses passos,
procuramos transmitir essas mensagens aos alcoólicos e praticar esses
princípios em todas as nossas atividades.
Grupo de reabilitação comandado pela enfermeira Wanda Sawicki/Max Pinto
Os grupos de reabilitação de alcóolicos e narcóticos ajudam a pessoa a
admitir a sua impotência diante do vício e assumir uma postura
transformadora perante a própria vida.
Passo a passo, vai se delineando um caminho, que se inicia pelo
reconhecimento da real fragilidade do indivíduo, de sua impotência
diante desse mal. A partir daí, ele se abre para uma trilha
espiritual, onde somente um poder maior é capaz de ajudar a redimir
suas culpas. Surge, então, um novo eu, capaz de perceber suas
responsabilidades para consigo próprio, para com o próximo e o mundo.
Doação ao outro é a condição final na constituição da Irmandade dos 12
Passos, ajudando-o a manter a sobriedade.
Para se entender um pouco mais por que esse programa é voltado para a
abertura do adicto à espiritualidade, precisamos voltar alguns anos,
quando Carl Gustav Jung recebeu uma carta de Bill W., um dos
co-fundadores do A.A. A carta conta que, na verdade, a origem dessa
entidade se dera no consultório do psicólogo. Em 1931, Jung tratara,
por cerca de um ano, o sr. Rowland, que deixou o tratamento muito
feliz, acreditando que se livrara de seu vício, o que não aconteceu
realmente. Ao ter nova recaída, ele voltou a seu consultório, mas Jung
disse que não via mais sentido em nenhum tipo de tratamento médico ou
psiquiátrico que pudesse ajudá-lo. Chocado com o veredicto, o sr.
Rowland insistiu, e Jung afirmou que via na verdadeira conversão
religiosa a única saída para o seu caso. Tempos depois, Rowland se
filiou ao Oxford Group, movimento evangélico europeu, onde finalmente
conseguiu se libertar de sua compulsão pela bebida.
Estranhamente, o autor da carta, Bill W., acabou, por outros caminhos,
tendo também de viver a mesma experiência que seu amigo para poder se
livrar do alcoolismo. E foi durante a sua experiência religiosa que
teve a inspiração de criar uma sociedade em que cada um se
identificasse com o outro e lhe transmitisse sua experiência. Cada
sofredor precisaria viver a sentença de incurável que a ciência médica
lhe conferia, além de ter de viver uma experiência de transformação
espiritual. Esses foram os conceitos-base para as posteriores
conquistas dos A.A.
Em resposta a essa carta de Bill W., Jung escreveu que não pudera ser
mais claro com o sr. Rowland pois temera ser mal interpretado, coisa
que estava ocorrendo com freqüência em relação a ele no meio médico.
Segundo o psicólogo, a fixação que observara em seu cliente, bem como
em outros casos que acompanhara, era o equivalente da sede espiritual
de nosso ser pela totalidade, expressa em linguagem medieval pela
união com Deus. Acrescentou ainda que um homem comum, desligado dos
planos superiores e isolado de sua comunidade, não pode resistir aos
poderes do mal. Por fim, concluiu dizendo que "álcool em latim
significa espírito, ou seja, a mesma palavra que designa a mais alta
experiência religiosa nomeia também o mais depravador dos venenos. A
receita seria, portanto, spiritus x spiritum" (espírito x álcool).
Com certeza, muitas pessoas na adolescência tiveram alguma experiência
com drogas. Em geral, começa-se com o álcool, uma vez que ele é
legalizado e está presente em todas as festinhas. Pode-se daí evoluir
para drogas mais fortes ou não. Depende dos motivos de cada um: mera
curiosidade, sugestão ou imitação dos amigos e familiares, adequação a
um grupo social, ou até motivações mais profundas, como uma grande
desilusão, um protesto contra a família ou contra a sociedade. O vício
pode ter raízes ainda na tentativa de manter o equilíbrio, na
necessidade de burlar a autoridade, na dificuldade de lidar com a
frustração, na tentativa de ser diferente do que se é, na busca de
aplacar sensações doloridas ou de um mundo melhor.
Bob Kusel/Sipa-Press
Obsessão pelo jogo: comportamento considerado vicioso, assim como a
bulimia, a promiscuidade e o trabalho em excesso.
Seja qual for o motivo, compreende-se o dependente químico como uma
pessoa que se encontra diante de uma realidade, objetiva ou subjetiva,
insuportável, da qual não pode se esquivar e que não consegue
transformar. Resta-lhe então, como alternativa, tentar mudar a sua
percepção do mundo real, algo que vai buscar nos estados alterados de
consciência proporcionados pela droga. Para ele, beber ou drogar-se
passa a ser uma questão de sobrevivência psíquica. Por isso é muito
comum observar comportamentos de risco em muitos dependentes químicos.
Na busca do êxtase e para vivenciá-lo novamente, é preciso jogar com a
morte, uma vez que se assume mais riscos a cada rodada da droga. Pouco
importa também se no caminho dessa busca se encontre o inferno – ele
faz parte da jornada.
Em todos os rituais de iniciação, para se ter acesso ao mundo oculto,
acaba se correndo riscos, pois o neófito se submete a provas que vão
transformá-lo durante o seu caminhar. Para adquirir tanto maturidade
psicológica como religiosa, o indivíduo vive, simbolicamente, a morte
e o renascimento.
Para crescer, ou seja, para evoluir de sua condição psicológica de
submissão e dependência para uma condição de auto-responsabilidade, o
adolescente precisa também aceitar a morte (da criança que ele é) e a
ressurreição (do adulto que virá a ser).
No entanto, herdeiros de um mundo tecnológico, esvaziado dos valores
do espírito, em prol dos áridos valores materiais, nossos adolescentes
não têm a estrutura necessária para auxiliá-los nessa passagem. Nesse
sentido, estão irremediavelmente nas mãos do spiritum – o mais
depravador dos venenos, como afir- mou Jung.
O mito medieval de Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda nos mostra
que, para curar o rei e a terra de seu reino voltar a ser fértil, era
preciso que se encontrasse o Santo Graal – essa era a missão dada aos
cavaleiros. Quem acabou encontrando o cálice foi Parsifal, talvez o
menos preparado na arte da guerra e do domínio, mas, entre todos, o
mais puro de coração. Pa- ra ter sucesso nessa tarefa, porém, ele
precisou se livrar de antigos valores e se transformar
psicologicamente.
Foi esse o caminho que Jung propôs ao sr. Rowland quando lhe sugeriu
que somente uma autêntica conversão poderia resgatá-lo de sua
compulsividade. Para se fazer a verdadeira conversão aos valores do
espírito, é necessário que nosso ego entre em colapso, se perceba
impotente, reconheça sua fragilidade e se coloque a serviço do poder
superior – força que realmente rege a vida de todos os homens.
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